Por recomendação de um amigo, vi no meu “feriado” o documentário “The Red Pill”, de Cassie Jaye, disponível na Amazon Prime. Simplesmente imperdível! O melhor antídoto que vi contra o feminismo radical, em busca de bom senso nessa “guerra dos sexos” sem sentido, que ignora o indivíduo, a complementariedade dos gêneros, e o fato de que há agressores e vítimas em ambos os lados.
Cassie, que foi atriz e hoje produz documentários, era uma feminista. E isso ainda enquanto começou seu novo filme, sobre os ativistas dos direitos dos homens. Suas credenciais “progressistas” estão acima de quaisquer suspeitas. Já fez filme enaltecendo o feminismo e também o movimento LGBT. Foi numa de conhecer melhor, para provavelmente desmascarar, esses tais “machistas” e “misóginos” que, segundo as feministas, adotam um discurso de ódio contra as mulheres.
Bastou ela fazer aquilo que quase nenhuma feminista em particular ou esquerdista em geral quer fazer – i.e., buscar de fato ouvir e conhecer o outro lado – para que ela tivesse dúvidas angustiantes sobre o que acreditara até ali, e reconhecesse que homens também sofrem, também são vítimas, também são injustiçados pelo sistema, e também carregam um fardo grande por sua posição social.
Os dados estatísticos, para além dos homens de carne e osso que ela conheceu por trás do movimento, não mentem. Quase 80% dos suicídios são cometidos por homens, quase 100% das mortes em guerras são de homens, a imensa maioria de trabalhos arriscados, como bombeiro ou carvoeiro, são masculinos, os homens morrem em média cinco anos mais novos, a população carcerária é predominantemente masculina etc. São dados que as feministas ignoram.
O documentário também lida com casos assustadores de injustiças legais, especialmente na questão da paternidade, que coloca o homem em clara desvantagem: são as mulheres que possuem o poder de escolha. A presunção de culpa dos homens quando o assunto é violência doméstica é outro sintoma de injustiça, pois, como Cassie descobriu, há vários casos de agressão ao homem, devidamente ocultados pelos movimentos feministas e a imprensa.
O que Cassie vai descobrindo é que o feminismo, que já pode ter feito sentido no passado, hoje virou mainstream, e carregado de ódio e mentira. A balança pendeu para o lado delas, e o caso dos terroristas islâmicos do Boko Haram na Nigéria é chocante e prova isso. Enquanto os muçulmanos exterminavam vilarejos inteiros, queimando os homens, ninguém dava muita bola, e as chamadas falavam apenas em “pessoas” ou “mortos”.
Mas quando o Boko Haram fez mulheres reféns e as vendeu como escravas, foi um escândalo internacional, e ali que o grupo ficou mesmo famoso. “Algo precisa ser feito”, dizia o mundo. A ONU entrou em campo, o casal Obama, todo o establishment. É como se até ali tudo bem, a vida dos homens que esses terroristas eliminavam não tivesse tanta importância. O duplo padrão é completamente absurdo.
O que Cassie descobriu ao longo de um ano de entrevistas e pesquisas foi que esses ativistas não eram monstros machistas, e sim pessoas comuns chamando a atenção para um problema real e ignorado. É como se a vida dos homens valesse menos (corroborado pelo gasto muitíssimo maior em campanhas oficiais sobre câncer de mama em relação ao de próstata, que mata na mesma proporção), e como se eles tivessem que se calar e aceitar a narrativa feminista de que são opressores, predadores, inimigos.
A esquerda levou o discurso marxista de luta de classes para dentro de casa, das famílias, ignorando que homens e mulheres são complementares. Historicamente, o homem sempre carregou mais a obrigação da produção para que a mulher pudesse focar na reprodução, e isso não tem nada a ver com uma sociedade “patriarcal” maligna, em que homens oprimem mulheres.
Ao contrário: fica claro que os homens carregam um peso excessivo por conta dessa configuração natural, o que não é moleza alguma. Que sociedade patriarcal é essa que concede todo o poder aos homens a ponto de, em 1912, mais de 80% dos sobreviventes do Titanic serem mulheres e crianças?! Os homens eram mais fortes, mais poderosos, e ainda assim escolheram afundar para salvar suas mulheres e seus filhos?
O título do documentário vem, claro, do filme “Matrix”, quando Morpheus oferece duas opções a Neo: tomar a pílula vermelha e enxergar a verdade, por mais dolorosa que seja, ou tomar a pílula azul e continuar dormindo, preso numa ilusão confortável. O feminismo virou uma ilusão confortável para muitos, homens e mulheres, pois oferece o vitimismo a elas e a sensação de superioridade moral a eles, por aderirem a essa “luta contra o machismo”. É como se a virilidade, a masculinidade em si fosse um pecado hoje.
Na prática, o feminismo virou uma bilionária indústria, além de uma ideologia perversa que pinta homens como os culpados por tudo de ruim, num coletivismo sexista que some com o indivíduo da equação. Há mulheres terríveis, que agridem homens, que enganam seus parceiros na paternidade, e há homens violentos, que batem em mulheres. Cada caso é um caso, e não há evidência alguma de um sistema machista e patriarcal, como Cassie descobre.
No filme, ela entrevista inúmeros expoentes do lado feminista também. Ou seja, há os dois lados, todos têm direito a expor sua versão. O telespectador, porém, vai certamente concluir com Cassie, se for razoável, que por mais que seja legítimo considerar os dois pontos de vista, não é desejável ser feminista. Ela conclui exatamente com essa mensagem: não sabe direito o que pensar para a frente, mas sabe o que deixou para trás, e foi justamente o feminismo.
Feministas, façam como Cassie: esqueçam essa balela de “sociedade patriarcal”, de machistas predadores por toda parte estuprando mulheres, desse discurso de ódio que as radicais da terceira geração do movimento espalharam por todo canto, e tomem a pílula vermelha. Não vou dizer que não dói nada, mas vou dizer que continuar aprisionada na ilusão é muito pior.
Rodrigo Constantino
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