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As feministas radicais e a dependência estatal

Por Victor Maciel de Souza, publicado pelo Instituto Liberal

Nas últimas décadas, as questões políticas e econômicas tem despertado a atenção dos brasileiros. Um tema recordista em pesquisas na Internet é o feminismo. Apesar de já estar na sua terceira geração, o movimento recebe destaque nos meios de comunicação pelo barulho provocado pelas ativistas mais radicais. Com o apoio da esquerda, elas afirmam “ter o objetivo de tornar a mulher independente, emponderada e livre”. Na realidade, o que acontece é justamente o oposto: muitas mulheres estão mais intolerantes, dependentes do Estado e presas num mundo fictício onde buscam lutar contra o sexo oposto.

Obviamente que preconceito, machismo e violência contra mulher existem e devem ser combatidos, porém não será agindo de forma agressiva e nem mostrando os seios em protestos que isso irá mudar. A mudança só acontecerá quando a dependência estatal for reduzida e as pessoas focarem em ações que beneficiem a todos independente do gênero. Por onde começar a mudança?

Aulas de defesa pessoal e fim do Estatuto do Desarmamento

Por mais que 92,45% (1) das vítimas de assassinato sejam homens, cerca de 12 mulheres são assassinadas por dia e se estima que cerca de 135 mulheres são estupradas a cada dia no Brasil (2).

As mulheres não podem deixar sua segurança totalmente entregue ao Estado, pois nenhum sistema de segurança no mundo consegue garantir a sua proteção 24 horas por dia. E mesmo havendo órgãos especializados em violência contra a mulher, ainda há casos de mulheres que procuram delegacias da mulher para pedir ajuda, e, graças à ineficiência da segurança pública, acabam apenas registrando ocorrência sem nenhuma garantia de proteção para si e nem punição ao agressor.

Caso Ana Raquel dos Santos Trindade (3):

Ana Raquel resolveu deixar Florianópolis e se mudou para Curitiba para morar com seu namorado, Renato Patrick. Renato era dono de um SPA e ofereceu a Ana um emprego como massoterapeuta. O que Ana não sabia é que o SPA era uma casa de prostituição onde Renato transformava as massoterapeutas em “terapeutas sexuais”.

Primeiro, Ana foi estuprada por seu namorado e, depois, violentada por outros homens. A vítima ainda era obrigada a passar vários dias acorrentada e sem comida. “Eu me sentia um lixo. Pedia a Deus para morrer logo” – contou.

Ana afirmava que iria embora, porém seu namorado ameaçava matar seu filho de 4 anos e sua família que ainda viviam em Florianópolis. Ela, então, fez uma denúncia à polícia do Paraná, mas nada foi resolvido.

Após seis meses, ela conseguiu fugir para Florianópolis onde reforçou a segurança da sua casa com grades de ferro e cerca elétrica. Isso não foi o suficiente, pois Renato ainda a perseguia. Ana, então, após pedir proteção à justiça, tendo o seu pedido negado, e registrar 20 boletins de ocorrência contra o agressor, resolveu comprar uma arma de fogo calibre 32. Na última vez que Renato invadiu a sua casa, ela pegou o revólver e disparou 12 vezes, acertando 9 tiros. Renato não resistiu e após duas semanas faleceu. Ana foi presa, sendo solta 24 dias depois.

Quantas vezes mais seria necessário Ana procurar ajuda do Estado para ser protegida? Quantas mulheres não devem passar pela mesma situação? E até quando as mulheres irão permitir que a sua segurança seja totalmente entregue ao governo?

E você? O que faria? Se eu fosse o responsável por algum grupo de feministas, buscaria professores e escolas de artes marciais para promover aulas de defesa pessoal para as mulheres. Em relação aos custos, buscaria convencer os professores ou os donos dessas escolas a fornecer um preço abaixo do mercado em prol de uma causa social, faria propagandas dos seus serviços nas mídias sociais do grupo e ou recorreria a doações privadas. Também iria às delegacias especializadas em violência doméstica para conversar com os delegados para tentar entender o motivo de muitas mulheres não receberem ajuda da polícia. Também disponibilizaria panfletos e cartazes para que fossem expostos nas delegacias e em outros lugares com o objetivo de convidar a vítima a buscar o movimento para ser acolhida ou auxiliada, além de pressionar a delegacia a tomar uma providência, caso nada fosse feito (no RJ apenas 6 % das ocorrências viraram ações penais). Pressionaria o governo para que, no mínimo, o pedido de posse de arma de fogo não fosse discricionário, já que esse geralmente é o ponto que mais impede os brasileiros de adquirirem o direito à posse.

Centro de Ajuda às Vítimas e Mães Abandonadas

A vida de um indivíduo vítima de violência não é fácil, principalmente quando ele ainda tem que prosseguir sabendo que o agressor não foi punido. Mais difícil é saber que o criminoso, por muitas vezes, será defendido por movimentos sociais, políticos e até mesmo organizações.

A vítima precisa de ajuda, e, por isso, seria de extrema de importância se as feministas, ou qualquer outro movimento, focassem mais na criação de centros de ajuda às vítimas por violência doméstica e sexual. Neste centro, seria fornecido ajuda psicológica e reintegração das mulheres agredidas na sociedade através de atividades sociais. O grupo que esteja interessado em colocar em prática poderia procurar psicólogos que pudessem disponibilizar um pouco do seu tempo para colaborar com o projeto.

Existem, também, muitas mulheres que durante a gravidez são abandonadas pelos maridos ou não possuem recursos para cuidar da criança, então, elas poderiam recorrer a este Centro para serem acolhidas e receberem algum tipo de ajuda, assim como faz uma instituição católica, a Casa Mater Rainha da Paz, em Canoinhas, Santa Catarina. Esta instituição é composta por freiras e voluntários que convencem as mulheres que procuram clínicas de aborto pela internet a não abortarem. Assim, essas mulheres recebem abrigo, assistência médica, dentária, psicológica e kit enxoval e, caso desejarem, recebem uma orientação espiritual.

É esse tipo de ação que fará a diferença na vida das mulheres, pois, em momentos de crises, elas podem tomar atitudes que possam comprometer a vida delas e a da criança. O ponto central dessa questão não é se o aborto deve ou não ser legalizado, o que interessa é dar um apoio às mães, ou futuras mães, que necessitam de ajuda e prestar assistência também para aquelas mulheres que recorreram ao aborto.

Incentivo ao Empreendedorismo e a Defesa a Liberdade Econômica

A maioria das mulheres brasileiras possuem o espírito empreendedor, porém muitas delas têm um empreendimento pequeno com grandes dificuldades de crescer e prosperar.

Hoje, o Brasil é o país com maior proporção de mulheres empreendedoras do G-20, sendo que 50% dos novos empreendedores são do sexo feminino (4). O grande problema é que cerca de 49% desses novos empreendimentos fecham ainda no seu primeiro ano, isso devido à grande burocracia que o Estado impõe sobre as empresas. Ainda assim, gastam-se quase 2000 horas para calcular os impostos por ano e, em média, 2 meses para abrir uma empresa e 9 meses para ter todos os registros, alvarás e licenças em mãos. Isso e outros fatores explicam o motivo do nosso país se encontrar em 140º lugar (de 180 países) no ranking de liberdade econômica (5), prejudicando principalmente aqueles que possuem poucas condições financeiras.

Sendo líder de movimento feminista, defenderia uma redução drástica dos impostos sobre as empresas e a necessária diminuição da burocracia no contexto empresarial. Eu também convidaria profissionais para dar palestras, cursos e workshops sobre gestão de empresas para mulheres e, assim, motivá-las a se aprofundar nos estudos de administração e a gerar riquezas. Ou então, criaria parcerias com a Winning Women Brasil (6) que é um programa para reconhecer e incentivar o empreendedorismo entre mulheres.

Com um incentivo profissional e menos barreiras para entrar no mercado, as mulheres com poucas condições financeiras teriam mais oportunidades de adquirir um emprego e alcançar cargos mais elevados.

Concluindo:

É provável que alguns grupos feministas já desenvolvam algum tipo de ação semelhante a essas que foram apresentadas no texto. Entretanto, a dedicação para arrecadar recursos, divulgar os projetos e criar ideias que realmente fazem a diferença é parece praticamente nula, quando comparada ao esforço que possuem para propor a troca do “o” e “a” por X para ser “inclusivo”. O que proponho, não somente para as feministas, é que possamos fazer a diferença com as nossas próprias ações, ao invés de esperarmos que algum político faça por nós.

Concluo utilizando as palavras de um dos maiores economistas do século XX, Friedrich A. Hayek:

Para construir um mundo melhor, nós precisamos ter a coragem de fazer um novo começo. Nós precisamos remover os obstáculos com os quais recentemente a loucura humana tem bloqueado nosso caminho e liberar a energia criativa dos indivíduos. Nós precisamos criar condições favoráveis ao progresso em vez de “planejar o progresso”. O princípio central de qualquer tentativa de criar um mundo de homens livres deve ser este: uma política de liberdade para o indivíduo é a única política verdadeiramente progressista.

Sobre o autor: Victor Maciel Peixoto de Souza é estudante de Economia da Universidade de Coimbra.

FONTES:

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