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Vejam essa treta entre a esquerda:

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Turistas estrangeiros em busca de sexo fácil, prostitutas nas ruas, exploração sexual de menores… Quando se fala em grandes eventos como Olimpíadas, esses assuntos sempre vêm à tona. Mas o Rio de Janeiro olímpico vive um cenário diferente. As garotas de programa preveem época de vacas magras com a crise econômica e uma forte repressão policial. E a questão vai bem além disso: elas travam uma disputa ideológica contra um grupo ligado ao feminismo radical.

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A ativista e advogada Eloisa Samy, considerada uma das líderes dessa linha do feminismo, acredita que a prostituição representa a principal forma de exploração da mulher em uma sociedade patriarcal. Por isso, pede que haja uma maior fiscalização em torno da cafetinagem durante os Jogos e defende até o aumento da intervenção policial para inibir a ação dos clientes e a exploração das mulheres.

“Eu não posso admitir que um evento olímpico, que preza o bem-estar das pessoas com tão nobres ideais, se preste a servir a uma causa tão mesquinha, que é a principal forma de exploração da mulher e da objetificação dos nossos corpos”, afirma Eloisa.

Eloisa considera ainda que a prática incentiva o machismo e a violência contra a mulher. “A prostituição também faz parte da cultura do estupro, da indústria da pornografia, de exploração de menores, tráfico de pessoas. Vem turistas homens aqui só para isso, e quem consome é homem. Durante a Copa do Mundo, inúmeras mulheres nas ruas eram chamadas de putas pelos argentinos. E olha que são nossos vizinhos. Está disseminada a ideia da brasileira hipersexualizada peituda, para ser vendida como objeto sexual”, reclama.

Os defensores do trabalho das garotas de programa, no entanto, se revoltam com as tentativas do que eles consideram repressivas. Eles afirmam que a prática é legal e não há qualquer relação com crimes como exploração de crianças, que devem ser amplamente combatidos. Acusam ainda algumas linhas do feminismo de disseminarem uma imagem estigmatizada das profissionais que só faz aumentar o preconceito contra elas.

Na visão deles, é um absurdo feministas apoiarem o uso da força da polícia contra qualquer mulher. “É uma falta de noção. A nossa força policial mata pessoas, é tão patriarcal e machista, e elas defendem o direito de a polícia coibir mulheres por determinado comportamento sexual. Elas estão servindo como base de manobra para as tendências mais patriarcais e direitistas do Congresso. Quando a questão é aborto, é direito da mulher, quando é venda de sexo, o estado deve intervir. Estão agindo como se fossem da extrema direita”, diz Thaddeus Blanchette, coordenador da pesquisa etnográfica do Observador das Prostitutas. Ele é estudioso do tema e representante da Associação das Prostitutas nos Conselhos Estaduais e Nacionais de Combate ao Tráfico.

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Joel Pinheiro da Fonseca gravou um vídeo interessante sobre o assunto:

O que penso disso tudo? Concordo com boa parte do que disse Joel, mas acho que ele desliza no final ao jogar no mesmo saco os conservadores evangélicos e as feministas radicais. Acho que é incoerente sim a postura dessas feministas, que defendem o “direito das mulheres”, repetem “meu corpo, minhas regras” para aplaudir o aborto, e depois querem perseguir prostitutas porque simbolizariam a opressão do sistema capitalista patriarcal (Oh, God!).

Como liberal, defendo que a máxima “meu corpo, minhas regras” se aplica justamente nesse caso, em que não há vítimas, pois se trata de uma troca voluntária entre dois adultos. É algo consentido, sem envolver terceiros, ao contrário do aborto, onde o feto é eliminado sem direito algum de voto. Um bebê que cresce no útero não é como uma unha ou o cabelo, que pode simplesmente ser cortado pois o corpo é “propriedade” da mulher.

Dito isso, jamais colocaria a esquerda feminista no mesmo saco podre dos conservadores evangélicos. É verdade que ambos podem ser moralistas, e Pondé já disse que ninguém é tão careta e moralista como a esquerda moderna, apesar de toda a sua pregação hedonista. Acho, ainda, que o conservador que defende a proibição da atividade tem inclinações autoritárias sim, e quer usar a força da lei para impor sua visão moral de mundo, o que quase sempre é muito perigoso.

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Mas não são abordagens semelhantes, apesar de os extremos se tocarem. Em primeiro lugar porque o argumento das feministas é simplesmente ridículo e equivocado: elas acham que toda troca monetária é exploração, que o lucro é sempre pecado e que a civilização ocidental é patriarcal e opressora. Joel derrubou a falácia questionando no começo o que se passa quando é um prostituto servindo um gay. Deu bug no cérebro do esquerdista.

Já o approach conservador, quando não envolve leis, mas apenas valores, é totalmente legítimo. Creio que ninguém razoável, que não tenha sido ainda vítima da lavagem cerebral esquerdista, considera a prostituição uma “profissão” qualquer, como as demais. Quem diz isso mente. Nenhum pai seria indiferente a ter uma filha prostituta ou médica. Se for o caso, é um péssimo pai, um perfeito idiota. Ninguém pode sonhar para o futuro de sua filhinha o caminho da prostituição, e isso não tem absolutamente nada a ver com exploração capitalista, e sim com a dignidade da vida humana.

Sim, a mulher – ou o homem – tem direito de fazer com seu corpo o que quiser, desde que não envolva terceiros. Isso não quer dizer que o ato de se prostituir deixa de ser moralmente degradante. É sim. É digno de pena, por mais que ocorra uma racionalização depois. Justamente porque seu corpo é sagrado ele não deveria se tornar objeto de aluguel por sexo. É valorizar muito pouco sua integridade física e sua dignidade. Por isso que quase sempre é mesmo um ato de desespero de quem não enxerga alternativa melhor, ou é seduzida pelo ganho “fácil” no curto prazo.

Ficamos, então, assim: a esquerda se divide entre aqueles que defendem a prostituição porque são amorais e querem detonar os valores “burgueses”, enaltecendo as vadias, e aqueles que condenam a prática porque ela seria símbolo da opressão capitalista, o que é patético; os libertários defendem a prostituição de forma intransigente porque toda troca voluntária deve ser enaltecida sem qualquer juízo de valor, e ninguém tem nada com isso, sendo um neoconservador autoritário aquele que simplesmente emitir seu juízo de valor; os liberais clássicos e conservadores de boa estirpe, grupo do qual orgulhosamente faço parte, defendem o direito à prostituição, mas o fazem lamentando profundamente essa escolha e lutando para persuadir os envolvidos no campo da moral; e os reacionários querem usar a força estatal para impor sua visão moral de mundo e proibir a prostituição, ao lado das feministas radicais do primeiro grupo. Faça suas escolhas…

Rodrigo Constantino

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