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Fernanda Torres, sem querer, defende prisão como vantajosa para marginais

A página Caneta Desesquerdizadora, do Facebook, postou um vídeo com um trecho da participação da atriz e escritora Fernanda Torres no programa “Encontro”, de Fátima Bernardes. Durante sua fala, ela conta que conheceu um autor de livros dentro de um presídio, no qual ela esteve junto com o deputado do PSOL, Marcelo Freixo.

Para a atriz, o sujeito é “um cara incrível” porque escreveu um livro e aprendeu a ler no cárcere, mesmo que ele tenha ido para lá após cometer latrocínio. Vejam:

O JornalLivre comenta: “É incrível como tentam forçar a barra com a ideia de que um criminoso comete seus crimes apenas porque não teve estudo ou oportunidades na vida. Como se estudar álgebra e gramática fosse mesmo mudar o caráter de uma pessoa”. Eu mesmo, em minha página, desabafei: “A tara do Projaquistão por bandidos é um caso patológico!”

Mas Dárcio Bracarense chamou a atenção para outro aspecto interessante da fala da atriz, e que talvez não estivesse em seu interesse destacar: “Não fico surpreso com o elogio, afinal, trata-se de gente que elogia ‘coisa’ pior. O que me causa espécie é a cara de pau com que, depois de um discurso desse, venham com a ladainha de que ‘prender não adianta’. Segundo Fernanda Torres, adianta sim!”

Theodore Dalrymple, em Threats of Pain and Ruin, também chama a atenção para o mesmo ponto num “debate” que teve com uma ex-prisioneira que gostava de se vitimizar, eximindo-se de responsabilidade por seus atos criminosos, e que passou a trabalhar para reduzir a pena de bandidos após sua soltura.

Ela, que ficou dez anos presa (e ninguém fica tanto tempo preso na Inglaterra por coisa leve), fazia discurso de pobrezinha, mas não atentou para o fato de que, se foi capaz de mudar de vida, isso se deu graças justamente ao tempo em que ficou atrás das grades!

Dalrymple diz sobre aqueles que retiram a responsabilidade individual dos atos: “Quanto mais as circunstâncias ‘determinam’ o comportamento criminoso, mais firme deve ser reprimido o comportamento criminoso”. Os defensores da tese “a ocasião faz o ladrão” não se dão conta de que isso é uma defesa da repressão maior aos marginais! Dalrymple acrescenta:

Somente se aceitarmos que há algo profundamente misterioso sobre a liberdade humana – que os homens são livres, apesar de nossa incapacidade de explicar de forma satisfatória exatamente o que queremos dizer com isso – podemos negar a esperança de que nem a ferocidade nem o encarceramento prolongado serão sempre necessários para que as pessoas mudem.

Ou seja, esses casos de criminosos que mudaram de vida e se endireitaram na prisão não são favoráveis aos esquerdistas que tratam bandidos como “vítimas da sociedade” e pedem menos prisões, mas são argumentos positivos justamente aos que clamam por mais prisões para conter o crime!

O “cara incrível” da Fernanda Torres não era “incrível” antes de ser preso, quando só pensava em roubar, e eventualmente matar. Foi na prisão que ele se encontrou com a leitura e resolveu virar escritor. Bem-vinda, então, ao time dos que pedem mais punição para os bandidos.

A função prioritária da prisão não é “reeducar” o marginal, e sim afastá-lo da sociedade e punir seus atos para oferecer justiça às suas vítimas. Mas há casos de “ressocialização”, e isso é mais um benefício das prisões: sem cumprir penas, esses marginais certamente teriam insistido no crime. Vamos prender mais! Quem sabe assim transformamos mais marginais em leitores e escritores?

Rodrigo Constantino

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