Por Luan Sperandio, publicado pelo Instituto Liberal
A última pesquisa do Ibope registrou o crescimento de Fernando Haddad de 8% para 19%. Já na pesquisa do Datapoder360, apareceu com 22%. É inegável que se trata de um dos favoritos a estar no 2º turno e a vencer as eleições presidenciais. Apesar dos desgastes, o PT ainda é o partido preferido de 1/5 dos brasileiros. Além disso, possui uma forte narrativa que encanta parcela significativa do eleitorado: ter sido vítima de um “golpe parlamentar” e a perseguição da Lava Jato ao ex-presidente Lula e demais correligionários do partido. Por fim, possui amplos recursos tradicionais de campanha, como deputados, prefeitos e tempo de TV. Ocorre, no entanto, que a campanha do PT atualmente se resume a divulgar uma única pauta: a completa negação da realidade.
O legado do lulopetismo, deixado por Dilma Rousseff, foi a maior recessão da história deste país e um saldo de 14 milhões de desempregados. Os erros macroeconômicos, a partir da denominada Nova Matriz Econômica, resultaram em recessão, desequilíbrio fiscal, maiores juros e inflação. A despeito disso, as ideias econômicas prolatadas no plano de governo do petista são basicamente dobrar a aposta no nacional-desenvolvimentismo, justamente a receita que originou a presente crise. Nunca houve um mea-culpa do partido sobre esses erros cometidos. Haddad culpa o Congresso por ter aprovado pautas-bomba a fim de fragilizar o governo e ampliado o déficit fiscal. Não obstante muitas votações ao longo de 2015 terem enfraquecido politicamente Rousseff ao impor seguidas derrotas ao governo no Congresso, o impacto fiscal delas foi zero, já que nenhuma foi sancionada e passou a vigorar.
O fato é que, no intuito de se reeleger, Dilma cometeu fraudes fiscais e truques contábeis para transmitir em sua campanha em 2014 uma realidade paralela idealizada por seu marqueteiro João Santana. O Tribunal de Contas da União julgou e reprovou as contas da então presidente e o Congresso Nacional, respeitando os ritos estabelecidos pelo Supremo Tribunal Federal, afastou e posteriormente impichou a então presidente. Mas, de novo, não há auto-crítica: tudo se trata de um golpe parlamentar.
Por outro lado, o principal expoente histórico do partido está preso, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, em um processo carreado por dezenas de provas e evidências. São dezenas de documentos, depoimentos e delações, mas a narrativa partidária afirma que não houve provas, que tudo não passou de um processo e uma perseguição política contra o ex-presidente.
O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, agora é o herdeiro de Lula e visita sua cela em Curitiba para saber o que tem de ser feito. É a Dilma Rousseff 2.0, o novo “poste” de Lula. Tanto é assim que ele próprio dá entrevistas dizendo que Lula é seu “principal conselheiro” e que a prioridade é sua liberdade, é “Lula Livre”. Suspeita-se que, caso eleito, dará indulto ao ex-presidente e o nomeará como ministro. A verdade é que tanto a campanha de Haddad quanto o modus operandi do PCC possuem em comum o fato de que são liderados do presídio por criminosos.
Após o impeachment de Rousseff, o PT poderia ter assumido publicamente seus erros e buscado se reestruturar. Contudo, mostrou-se incapaz de realizar qualquer autocrítica. Em documento lançado em 2016, a única crítica que a agremiação faz a si própria é a de que falhou ao intervir menos do que deveria: não realizou-se a “reforma política, a reforma tributária progressiva e a democratização dos meios de comunicação.” Fala-se que o PT contaminou-se pelo financiamento empresarial de campanha e que, por isso, aderiu a práticas de “partidos políticos tradicionais”. Em suma, o partido foi “gradual demais” na execução de seu projeto de poder. Deveria ter controlado a mídia, alterado as regras do jogo político para favorecer mais o partido e feito um aparelhamento maior do Judiciário.
Tudo o que o partido dos Trabalhadores está fazendo é fugir da realidade e de suas próprias responsabilidades, além de adotar uma atitude anti-democrática – o que mostra a raiz autoritária que esteve sempre presente no partido. Essa lamentável postura está corroendo e fragilizando nossas instituições, além de elevar o nível do radicalismo político presente no país – tanto entre seus apoiadores quanto entre quem apóia outras candidaturas. Por conseguinte, as atitudes petistas apenas evidenciam que o partido não se importa com o Brasil, mas tão somente com seu projeto de poder.
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