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O presidente francês, François Hollande, viveu um “momento histórico” na noite desta segunda-feira em sua visita a Cuba, ao conversar durante quase uma hora com o ex-ditador cubano Fidel Castro, de 88 anos. O encontro entre Hollande e Fidel durou mais de 50 minutos e ocorreu na residência do cubano, em Havana. Primeiro chefe de Estado ocidental a visitar Cuba após o anúncio do degelo entre Havana e Washington, Hollande disse à comunidade francesa residente na Ilha que “desejava viver este momento histórico”.

“Tive diante de mim um homem que fez história. Há, evidentemente, debates sobre o lugar que ocupa, suas responsabilidades, mas estando em Cuba queria me reunir com Fidel Castro”, revelou Hollande, explicando que o “Comandante falou muito”. Hollande também se encontrou com o atual ditador cubano, Raúl Castro, que sucedeu Fidel em 2006. A reunião ocorreu no Palácio da Revolução, onde o presidente francês foi recebido com honras militares.

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Hollande é um dos piores presidentes que a França já teve, e olha que tem gente como Mitterrand para competir com ele. Medíocre seria elogio para alguém que só errou, causou uma grave crise e perdeu totalmente a aprovação popular. Sua política da inveja, que chegou a taxar em 75% o ganho dos mais ricos em nome da igualdade, foi um total fiasco, conforme previsto pelos liberais.

Mas Hollande é visto como uma esquerda moderada, pois o socialismo moderno é mais palatável do que o velho comunismo, ao menos no discurso. Moderado? Taxar em 75% os mais ricos? Isso é confisco da propriedade privada, o que demonstra como esses “socialistas modernos” continuam com o velho ranço igualitário dos comunistas.

A tietagem de Hollande ao decrépito ditador cubano é prova disso: foi lá afagar e elogiar o assassino, como fazem os tiranetes latino-americanos, e também nossa presidente. A esquerda que ainda encontra elogios para fazer a alguém que só trouxe ao mundo escravidão, morte e miséria não é digna de respeito, muito menos de ser chamada de democrática ou moderada. É tosca, ultrapassada, autoritária, e flerta com uma ditadura que ceifou a vida de milhares de pessoas inocentes pelo “crime” de se opor ao regime.

Nem toda esquerda, vale notar, aplaude vergonhosamente o tal modelo cubano. O livro Silêncio, Cuba, da argentina Claudia Hilb, demonstra que há resquícios de honestidade na esquerda ainda. A professora lamenta o silêncio dos intelectuais de esquerda sobre o caráter “autocrático, antilibertário, antidemocrático e repressivo” do regime cubano. Ela mostra como a utopia de construir o “Homem Novo”, livre do egoísmo, da preferência por si mesmo, era indissociável do totalitarismo presente em Cuba. A busca pela igualdade dos resultados sempre levou a regimes ditatoriais. Hilb mostra como o medo despertado em todos foi parte inerente dos ideais revolucionários.

Os cubanos desenvolveram aquilo que eles batizaram de “dupla moral”. De um lado, repetiam os slogans do partido, mantinham as aparências; do outro, aderiam a uma moral subterrânea, aceitavam o roubo de bens públicos como meio de vida, o tráfico no mercado negro, os empreendimentos clandestinos. Para sobreviver no regime cubano, faz-se necessário ignorar certos valores básicos, para não ser um “dissidente”, o que é sempre muito perigoso. Fidel Castro pariu uma nação inteira vítima de dissonância cognitiva. A autora pergunta: “O que resta da liberdade quando a ação pública vê-se reduzida a orientar-se essencialmente pelo medo?”

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Hilb derruba também o mito insistente de que há o lado bom do regime cubano, o foco na saúde e educação. Ela lembra que Cuba já desfrutava de índices melhores que a média latino-americana antes da revolução, e que após os subsídios bilionários da ex-URSS, o regime entrou em colapso até nessas áreas. A educação cubana não passa de doutrinação ideológica, e a saúde está em estado precário, com falta de remédios básicos e péssima qualidade dos estabelecimentos hospitalares. Se antes de Fidel a ilha era comparável à Costa Rica – e vencia –, hoje o critério de comparação é o Haiti.

Alguns tentam defender o modelo cubano argumentando que, ao menos, a população média está melhor do que os favelados do Brasil ou Argentina. Mas Hilb sabe que se trata de argumento enganoso. Primeiro, porque não seria justificável defender a ditadura com base nisso, da mesma forma que ninguém defenderia o regime de Pinochet porque os chilenos viviam, na época, melhor do que os favelados cariocas. Segundo, porque, como ela mesma coloca, “se o único argumento contrário que o defensor do regime que governa Cuba de maneira absoluta há cinqüenta anos encontrasse fosse o de comparar um cubano pobre com o morador de uma favela, nosso contraditor imaginário assinaria a sua capitulação”. A promessa da revolução seria transformada na meta patética de oferecer uma vida “um pouco melhor” do que nas favelas!

Tanto sangue, tanta opressão, tanto medo, para isso? Até Fidel parece ter assumido que o modelo não funciona “mais”. Demorou “apenas” meio século e dezenas de milhares de vítimas inocentes para perceber isso, se é que não passa de uma tática oportunista (o que é bem mais provável). Agora restam os dinossauros tupiniquins (e franceses) fazerem o mesmo, e abandonarem de uma vez essa utopia assassina chamada socialismo. A verdade precisa ser dita sem rodeios: quem ainda defende o modelo cubano até hoje não tem um pingo de caráter!

Fidel “fez história”, diz Hollande. Sim, como Hitler também fez! E isso seria motivo para alguém ter prazer em ficar por uma hora em sua companhia, de tietagem patética? A história que Fidel fez foi uma marcada pelo rastro de sangue inocente. O homem é um psicopata. A esquerda que ainda o elogia não vale nada, e é piada de mau gosto querer posar de moderada ou democrática. Até parte da esquerda já reconhece isso. Infelizmente, não é a parte que está no poder em nosso país…

Rodrigo Constantino

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