Em mais um surto criativo, Arnaldo Jabor simula em sua coluna hoje uma entrevista exclusiva com Stalin, no purgatório dos ditadores. Usando inclusive passagens que foram realmente ditas por Stalin ou Lênin, Jabor mostra como o stalinismo ainda vive entre nós, latino-americanos.
O comunismo foi um substituto “laico” para a religião, ao oferecer a promessa de um paraíso e de imortalidade: o “ser social” nunca morre, ao contrário do indivíduo de carne e osso, vítima número um do regime coletivista.
O corolário dessa premissa é que eliminar “alguns” indivíduos de carne e osso para garantir esse futuro redentor passa a ser algo justificável. Quebrar os ovos para fazer uma omelete. Os fins “nobres” justificam quaisquer meios. A vida humana não é mais sagrada. Essas são as máximas de todo coletivista.
Compaixão, empatia, gratidão, tudo isso passa a ser visto como uma fraqueza de pequeno-burguês. Matar uma pessoa é assassinato, mas eliminar milhões passa a ser apenas estatística. Para criar o “homem novo”, vale tudo. A democracia burguesa precisa ser rejeitada, dar lugar ao centralismo completo dos líderes “ungidos”. A imprensa precisa ser subserviente.
Por fim, Jabor, que foi um dos incluídos na “lista negra” de “inimigos da Pátria”, de Alberto Cantalice, vice-presidente nacional do PT, afirma que o Brasil petista tem sido um bom aluno stalinista:
Esse é o preço da liberdade: a vigilância absoluta. Mas, o Brasil está seguro contra os perigosos agentes de direita, neoliberais e espiões do imperialismo. Vocês sabem que nós criamos os “sovietes” na Rússia, os conselhos, como chamam vocês… Parabéns. Os conselhos são um primeiro passo para controlar essa besteira de democracia representativa, que vocês tiveram a sabedoria de usar, mas agora atrapalha a construção do bolivarianismo (ah, esse meu filhote bastardo…). Ao menos minhas ideias ainda repercutem… Veja a Venezuela, Argentina, tantos seguidores. A única coisa que importa é o controle da sociedade. Temos de tutelá-la. Eu já disse uma vez: o povo deve ser educado com o mesmo cuidado com que um jardineiro cultiva uma árvore de estimação. As ideias são muito mais poderosas do que as armas. Nós não permitimos que nossos inimigos tenham armas, por que deveríamos permitir que tenham ideias? Acho que seu país está no bom caminho: controlar a mídia, como vocês chamam hoje. A imprensa é a arma mais poderosa de nosso partido e vocês vão seguir nosso exemplo. Toda propaganda tem que ser popular e acomodar-se à compreensão dos menos inteligentes. Como você vê, estou repetindo as frases da besta do Hitler. Mas ele nos deu um bom conselho, que serve muito para seu país, caro jornalista: “Quanto maior a mentira, maior é a chance de ela ser acreditada”. O povão não sabe nada. É isso aí, cumpanheiros: vão em frente que a luta continua…
Rodrigo Constantino