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Alguns jornalistas, imbuídos de seus preconceitos ideológicos, atacaram o filme do Brasil Paralelo sobre 1964 antes mesmo de vê-lo. Um jornal importante já rotulou o documentário como “pró-ditadura”, o que só se explica pela ignorância ou má-fé. Finalmente assisti nesta quarta as duas horas de filme e digo: imperdível.

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A produção está muito bem feita, e a qualidade da narrativa é excelente. Entrevistaram pessoas que sabem do que estão falando, e conseguiram sintetizar o drama vivido naquela época, no país e no mundo. Colocaram aqueles acontecimentos dentro do contexto da Guerra Fria e de um Brasil dilacerado. E fizeram isso com imparcialidade, justamente o que falta nas aulas de história das nossas escolas.

Destaco aqueles que, em minha opinião, são os principais pontos abordados pelo documentário:

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  1. Fica muito claro como havia, de fato, uma ameaça de revolução comunista na época, e que todos aqueles que depois reescreveram a história como se lutassem contra uma ditadura e por democracia queriam, na verdade, instalar um regime ainda mais opressor no país, nos moldes cubanos;
  2. Com base em documentos obtidos na antiga Checoslováquia, o filme resgata a relevância da atividade clandestina dos comunistas de Moscou no país, algo que a narrativa ?oficial? oculta, dando ênfase apenas ao papel questionável da CIA;
  3. O contexto internacional da Guerra Fria é exposto com maestria, não deixando margem a dúvidas de que vários países, especialmente latino-americanos e africanos, seriam alvos do colonialismo imperialista dos soviéticos se os americanos não reagissem;
  4. O documentário não nega que houve um golpe em 64, pois a Constituição foi de fato ignorada ou rasgada, mas divide o regime militar em duas fases, lembrando que o período Castello Branco tinha a real intenção de ser transitório e devolver um país democrático;
  5. O racha dentro do grupo militar é bem explicado, mostrando que a ?linha dura? tinha outro projeto para o Brasil, influenciada pelo positivismo de Comte (mesmo sem saber), e desejava instaurar no país uma tecnocracia centralizadora e dirigista;
  6. O resgate de imagens e declarações dos principais agentes políticos da década de 1960 mostra como haveria, muito provavelmente, uma guerra civil se os militares não tivessem agido;
  7. O imenso apoio popular, da imprensa, de entidades como a OAB, demonstra como eram os comunistas que lutavam sem qualquer respaldo da população, financiados por regimes ditatoriais que pretendiam expandir seu império mundo afora;
  8. O filme não poupa os militares, em especial aqueles da ?linha dura?, pela censura, opressão e perseguição, ainda que mostre como foi o terrorismo de esquerda que forneceu o pretexto para essa reação;
  9. Dentro do contexto da época e do que foram as ditaduras comunistas, o documentário acusa o regime militar de ditatorial, principalmente após 68, mas expõe como foi ?light? se comparado aos demais, mostrando inclusive que a censura era bem frouxa e moralista mais do que ideológica;
  10. Por fim, o filme culpa os militares por terem focado nas guerrilhas revolucionárias, como em Araguaia, deixando de lado a parte cultural, já sob influência de Gramsci e da Escola de Frankfurt, o que acabou por permitir a hegemonia socialista na imprensa e na academia, algo que se fez sentir até hoje, e que permitiu domínio absoluto da esquerda após a redemocratização.

Em suma, trata-se de uma obra bastante completa, ao menos no que diz respeito ao essencial, e com abordagem isenta, mostrando os dois lados, mas sem deixar de concluir contra os comunistas – o que qualquer pessoa sensata faria.

Não cai na falácia cômoda de julgar o passado pelas lentes do presente, reconhecendo a dificuldade na tomada de decisões daquele momento. Mas tampouco inocenta os militares que jogaram o país numa ditadura por duas décadas, e sob um modelo econômico nacional-desenvolvimentista que deixou como legado a alta inflação.

Lucas Berlanza, do Instituto Liberal, foi um dos que mais falaram entre os entrevistados, ele que é especialista em Carlos Lacerda, personagem crucial naquela época. Percival Puggina, que viveu aqueles dias tensos, é outro que comentou bastante no filme. Olavo de Carvalho também, e surpreendentemente o fez de forma tranquila e moderada. Rafael Nogueira foi outro que acrescentou bastante. Fora os responsáveis pelos estudos dos documentos checos.

O resultado é um documentário instigante, dinâmico, que retrata muito bem as angústias vividas nos anos 1960. A opção era entre “rios de sangue” ou “anos de chumbo”, como colocou Roberto Campos. E a culpa foi mesmo dos comunistas, como fica claro.

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Daí o esforço dos seus herdeiros intelectuais em calar o debate, impedir o acesso do público ao filme, rotular os mensageiros para não ter de rebater a mensagem. Se a esquerda radical ainda exerce influência nas escolas, universidades, imprensa e meio cultural, conseguindo dificultar a transmissão do filme nesses locais, ela não controla as redes sociais.

E o documentário é sucesso de público nelas, mostrando como há uma grande demanda reprimida por uma versão mais séria e isenta sobre aquele período. O filme é a aula de história que nos foi negada por militantes marxistas disfarçados de professores, esses que, infelizmente, pululam nas escolas e universidades.

Vejam o filme, pois vale muito a pena. Coloquem para seus filhos assistirem. E se for aluno escolar ou universitário, junte outros colegas e tente convencer seu professor a passar o documentário para debates em aula depois. Não aceitem a intimidação dos comunistas raivosos. Eles querem impedir o debate por motivos óbvios, que ficam mais evidentes ainda após o filme.

Rodrigo Constantino