Uma das principais bandeiras econômicas da campanha de Bolsonaro foi a privatização, tendo o liberal Paulo Guedes como “posto Ipiranga”. Guedes está bem mais focado agora na reforma previdenciária, o que está certo, mas se livrar do peso das estatais ineficientes também deve ser uma missão crucial do novo governo. O empresário Salim Mattar (Localiza) foi escalado justamente para liderar esse processo. É bom sinal, portanto, saber que finalmente a desestatização vai começar, com a liquidação da Valec, como mostra editorial do GLOBO de hoje:
O Ministério da Infraestrutura anunciou a intenção de deflagrar em março a liquidação da Valec, companhia estatal criada há 48 anos com foco no planejamento e na administração de engenharia de ferrovias. Seria a primeira iniciativa do governo Jair Bolsonaro no processo de desestatização, com reflexos diretos nas contas do setor público.
A Valec é um caso exemplar de estatal com histórico de manipulação política, corrupção e desperdícios. Hoje consome cerca de R$ 1,3 milhão a cada dia útil. Gasta R$ 300 milhões por ano para manter abertas as portas dos seus escritórios, onde trabalham 800 pessoas.
[…]
A Valec é consequência de um dos mitos da política nacional — o da “razão estratégica” de Estado, que fomenta a proliferação de estatais desde a ditadura Vargas. Não há justificativa racional para que um núcleo burocrático ferroviário custe ao Tesouro, anualmente, 76% mais do que uma operadora de transporte sobre trilhos, como é o caso da estatal Trensurb, de Porto Alegre, que serve a 200 mil pessoas por dia útil.
Na perpetuação desses anacronismos está a gênese das maracutaias expostas na Lava-Jato e nas perdas bilionárias de empresas como Petrobras e Caixa Econômica Federal.
A retomada do programa de desestatização é uma boa sinalização. A Valec é um símbolo daquilo que o Estado brasileiro não precisa, não pode e não deve continuar a fazer.
Não só a Valec, vale frisar: são várias estatais inúteis ou ineficientes, que viram palco de corrupção ou cabide de emprego. O estado não deve ser empresário. A iniciativa privada pode fazer muito melhor, num ambiente de livre concorrência. Em Privatize Já, apresentei os principais argumentos teóricos em prol da privatização, refutei inúmeras falácias levantadas pelos estatizantes, e dissequei os vários casos de sucesso no Brasil e no mundo. A Valec foi citada como um dos tantos exemplos de escândalos.
É animador, então, ver um governo mais alinhado com essa agenda. Infelizmente, sabemos que a mentalidade dos militares não é exatamente liberal nesse sentido, pois ainda há um ranço estatizante, especialmente naquilo que consideram “setores estratégicos”. O próprio presidente já descartou vender Caixa, Petrobras e Banco do Brasil, e até a EBC, da TV Brasil, vai continuar existindo, ainda que mais enxuta, como as outras três estatais gigantes mencionadas.
Não é o ideal, que seria vender tudo isso, mas é um bom começo. Bolsonaro deveria escutar com mais atenção e carinho os conselhos de seu ministro Paulo Guedes e do secretário de desestatização Salim Mattar. Ambos entendem perfeitamente as causas estruturais da ineficiência e da corrupção em empresas estatais. Privatize já!
Rodrigo Constantino
Governo se divide sobre avançar com PEC das candidaturas para não gerar desgaste com militares
Defesa de Bolsonaro planeja culpar militares por tentativa de golpe; assista ao Sem Rodeios
Lula avalia contemplar evangélicos em reforma ministerial em busca de apoio para 2026
Dino libera pagamento de emendas parlamentares com ressalvas: “caso a caso”
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS