A distribuidora de produtos eletrônicos, culturais e eletrodomésticos francesa Fnac Darty anunciou nesta terça-feira que irá se retirar do Brasil, ao mesmo tempo em que indicou que a companhia havia registrado um resultado líquido em equilíbrio (zero) em 2016.
Apesar deste resultado, o grupo afirmou que suas vendas e sua rentabilidade têm aumentado.
A Fnac Darty anunciou a intenção de vender a filial brasileira. O grupo “começou um processo ativo para buscar um sócio que dê lugar à retirada do país”, segundo um comunicado.
A Fnac está presente no Brasil desde o fim dos anos 1990, mas, há alguns anos, já tinha apontado dificuldades para atingir um nível crítico no país.
O Brasil representa menos de 2% do volume de vendas total da Fnac, que possui cerca de uma dezena de lojas no país.
É muito difícil apostar no Brasil mesmo, especialmente nesse setor de varejo de livros e eletrônicos. Quem lembra das lojas Arapuã? Foi uma gigante, e quebrou. O mesmo destino de tantas outras, como Casa & Vídeo e companhia. Há imposto demais, mercado negro demais, burocracia demais.
Quando o assunto é livros, então, esbarra-se num obstáculo cultural: brasileiro lê muito pouco! O mercado depende bastante de compras governamentais, o que é sempre convite para corrupção e doutrinação ideológica. Isso sem falar da própria tendência de migrar para livros eletrônicos, que não chega a ser significativa no Brasil, mas parece um caminho inexorável no mundo.
Mas o fator principal é mesmo o “custo Brasil”. Empreender num país com tantas regulações, burocracia e impostos, sem segurança jurídica, com mão de obra pouco qualificada, tudo isso imerso numa cultura da malandragem, é coisa que pode levar qualquer um ao desespero mesmo.
Roberto Rachewsky, um “Objetivista” assumido, comenta o caso com direito a uma pergunta final que leitores de Ayn Rand entenderão:
A cadeia de lojas francesa FNAC, uma das maiores distribuidoras de eletrônicos, livros, Cds e Dvds do mundo, cansou de, em nome do governo brasileiro, extorquir seus clientes com os impostos escorchantes embutidos nos preços de seus produtos.
Cansou de pagar pela metade seus trabalhadores, depois de ter confiscado a outra metade a mando do governo brasileiro, para quem é obrigada a entregar a parte que restou retida.
Cansou de fazer o trabalho de preencher infindáveis formulários com infindáveis informações para entregá-los atendendo prazos incompatíveis com qualquer noção de economia e razoabilidade, o que exige investimentos que se demonstram desperdício de recursos com batalhões de contabilistas, assessores, especialistas em TI e advogados civis, tributários e trabalhistas.
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