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A folia acabou e 2016 começou – disse a Liberdade

Por Fernando Fernandes, publicado pelo Instituto Liberal

Feliz ano novo, leitores e seguidores do Instituto Liberal. Como passaram o Ano? Não, não fiquei louco. É clichê, eu sei. Contudo, a beleza do clichê é essa sua autoevidência reiterada. O clichê, neste caso, é a verdade inconteste de que o carnaval em “Bananão” marca o fim de um período que, em regra, começa perto do dia 20 de dezembro com o recesso do serviço público, sendo seguido de perto pelas festas de Natal e Réveillon; se estende, preguiçosamente, por janeiro, como se este fosse um pré-projeto de início do ano; passa pelo Carnaval, quarta-feira de cinzas e ainda se aproveita da quinta-feira e da sexta-feira – “ressacas de Carnaval” – e culminando, finalmente, no domingo pós-carnaval. Bem, acabo de me dar conta que, talvez, este texto esteja se precipitando um pouco e antecipando o início do ano para alguns. Mas a senhorita Liberdade, ainda que respeite, igualmente, o exercício da minha rabugice e as folias características do ethos brasileiro, tem pressa, exige atenção e manda avisar.

Ainda vivemos em uma República esquisita onde existem pessoas acima da lei. A presidente, por exemplo, pode cometer crime de responsabilidade, motivo mais que suficiente para o impeachment, e continuar governando. Sim, a presidente em exercício no Brasil ainda é Dilma Rousseff, aquela mesmo de popularidade baixíssima. Apesar de o noticiário ter, aparentemente, desistido desta pauta, Dilma ainda está ameaçada de ser declarada impedida ou, até mesmo, cassada. A partir dos próximos meses a enxurrada de notícias sobre o zika vírus dará espaço para algumas manchetes sobre as disputas pelo poder em Brasília entre Dilma, Lula, Temer, Cunha e Renan.

Por falar em Eduardo Cunha e em Renan Calheiros, sabemos que o primeiro será amplamente torpedeado pela mídia brasileira e dele se saberá tudo. Das contas na Suíça até o tamanho de sua cueca e quantos quilos, em dólares, ela é capaz de esconder. Do segundo, entretanto, se considerarmos a última decisão do Supremo Tribunal Federal decretando sigilo nas investigações sobre ele no “Renangate” de 2007, saberemos muito pouco. Até o presente, nossos veículos de comunicação tiveram pouco interesse em lançar holofotes sobre os seis inquéritos que envolvem Renan e a Operação Lava Jato. Renan é um dos principais aliados da “Rainha de Copas” e é seu trunfo contra o impedimento, por isso tamanha blindagem;

Nossa economia continua em frangalhos e não há qualquer chance de recuperação com o governo atual. Por quê? Simples. Porque o problema brasileiro não é relacionado com a oferta de crédito como julga o governo. Um pacote de estímulos como o anunciado é apenas mais uma farra que resultará em nova depressão econômica. Isto não é novidade, mas parece que a meta do planejamento central é dobrar a meta do desastre econômico. Enquanto isto, alguns analistas sugerem que um em cada cinco novos desempregados em 2016, será brasileiro. Nossa economia retrocederá 3%, nosso desemprego, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), estará acima de 7,5 %, o que significa até 700 mil novos desempregados em 2016. Tudo isso provoca uma queda na arrecadação, o que tem conduzido nosso “benfeitor estatal” a buscar mais meios de ampliar sua apropriação violenta em nossa, privada, criação de riquezas.

Tenha calma e não se desespere! Falta transmitir as informações de que ainda matamos 41 mil pessoas em acidentes de trânsito por ano (Organização Mundial da Saúde, 2013); e 58,5 mil pessoas morrem de homicídios por ano (Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2014). Somos o 89º pais em Economic Freedomda Fraser Institute – abaixo, por exemplo, da Grécia, da Namíbia e do Azerbaijão. Estamos na vergonhosa 122ª posição, abaixo de países como Uruguai, Paraguai, República Dominicana e até da Nicarágua, no Índice de Liberdade Econômica da The Heritage Foundation. Caímos de 48ª para a 56ª posição entre os 148 países analisados no Relatório Global de Competitividade, editado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF). Caímos no PISA, atingindo 55º lugar no ranking de leitura, 58º lugar no de matemática e 59º lugar no de ciências. Somos o segundo país com o pior nível de aprendizado, segundo estudo publicado ontem pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), atrás apenas da Indonésia. E, por fim, mas não menos importante, alcançamos a maior queda no Índice de Percepção da Corrupção em 2015, descendo 7 posições, para o 76º lugar com 38 pontos (sendo 0 o país mais corrupto).

Samba, comemoração, folclore, diversão. O brasileiro fez festa sem motivo. Não querendo estragar a folia alheia; precisamos encarar a realidade, porém. Vivemos em um contexto político cruel. Tudo bem experimentar o onírico por um pouco de tempo como um instrumento para a manutenção da sanidade. Viver dele, por outro lado, é irresponsabilidade viciosa. Treze de março está chegando; e as senhoritas Liberdade, Justiça e República são vaidosas e conquistadas apenas com muito trabalho árduo, dificuldades e uma constante luta.

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