O encerramento da fábrica da Ford em São Bernardo, que ocorrerá ao longo de 2019, representa a demissão de 2,8 mil trabalhadores, segundo estimativa do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. A Ford informou que estima despesas não recorrentes de US$ 460 milhões em razão da decisão anunciada nesta terça-feira, 19, de encerrar as atividades no ABC.
A fábrica é a mais antiga em operação da montadora no Brasil. A montadora disse que a decisão faz parte de um esforço para voltar a lucrar na América do Sul. Em balanço referente ao ano passado, a Ford apresentou prejuízo de US$ 678 milhões na região.
Ninguém gosta de notícia de encerramento de atividades e demissão. Mas, em primeiro lugar, é importante frisar que isso faz parte da dinâmica do capitalismo, com sua “destruição criadora”, como falava Schumpeter.
Michael Moore fez sua carreira em cima da demagogia de quem não entende esse conceito básico da economia. Seu pai perdera o emprego numa montadora da GM, e em vez de procurar compreender as causas estruturais disso, o cineasta preferiu partir para o sensacionalismo, exatamente como fazem os sindicalistas do ABC hoje.
A alternativa a se fechar uma fábrica ineficiente é colocar em risco todos os milhares de empregos da montadora. Sim, porque o prejuízo será crescente até o dia em que operações lucrativas terão de arcar com o custo e se tornarem também deficitárias. Seria uma espécie de Maquiavel às avessas: para salvar 3 mil empregos hoje, colocaria em perigo uns 30 mil amanhã!
Mas no caso da Ford no ABC sequer podemos falar de decisões naturais do sistema capitalista. É fundamental entender que há fatores conjunturais e estruturais por trás dessa decisão. E ambos apontam para o suspeito de sempre: o PT. Não é implicância minha; é respeito aos fatos.
Comecemos pelo fator conjuntural: o Brasil viveu a pior recessão das últimas décadas recentemente, e ela foi produzida pelos governos petistas de Lula e Dilma. A inflação voltou a subir, o desemprego disparou para quase 15 milhões, e claro que a Ford seria afetada por esse ambiente.
Já o lado estrutural tem ligação com as nossas leis trabalhistas, infraestrutura, burocracia e carga tributária, ou seja, tudo aquilo que forma o tal Custo Brasil. E quem é o culpado por isso? Ora, novamente o PT, com seu braço sindical. A esquerda em geral e o petismo em particular sempre fizeram de tudo para impedir mudanças nesse sentido, para tornar o ambiente de negócios no Brasil mais competitivo.
Como estamos inseridos num contexto global, a Ford sente o golpe e precisa tomar decisões duras, levando em conta opções de investimento em todo o mundo. Os sindicalistas criaram, em suma, os monstros que agora os devoram. Claro que vão continuar culpando o capitalismo em si, a globalização e demais bodes expiatórios. Se essa gente aprendesse alguma coisa com seus erros passados deixava de ser de esquerda…
O esvaziamento do ABC poderá ser um fenômeno análogo ao que aconteceu em Detroit, aqui nos Estados Unidos. Virou uma cidade decadente, quase fantasma. Os zumbis ainda culpam o capitalismo e a globalização, mas a gestão pública em Detroit é dominada pelos democratas de esquerda há décadas. Assim como foi do ABC que saiu o político oportunista Luís Inácio Lula da Silva. Coincidência?
Rodrigo Constantino
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