Cinco ônibus foram incendiados nos bairros Vila Velha, Castelo Encantado, Padre Andrade, Arvoredo e no Canindezinho, na manhã desta quinta-feira, 20. Apesar dos ataques, o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Fortaleza (Sindiônibus) informou que o serviço de transporte coletivo vai continuar normalmente. Na tarde desta quarta, 21 veículos foram atacados na Grande Fortaleza, sob ordens vindas de dentro de presídios.
No Vila Velha, o ataque ocorreu por volta das 8h30min contra o ônibus da linha 221 – Vila Velha/Riomar Kennedy. Por volta das 9h30min, criminosos incendiaram um coletivo da linha 907 – Castelo Encantado/Centro. Houve ainda ataques contra um veículo que faz a linha 206 – Padre Andrade/Antônio Bezerra, no bairro Padre Andrade, e outro coletivo no bairro Arvoredo.
Um ônibus da linha 346 – Jardim Fluminense também foi incendiado por volta das 11h em frente à escola municipal Jornalista Demócrito Dummar, na rua Euclides Paulino Barroso, no Canindezinho. Cobrador teve queimadura de 3º grau e está internado em uma unidade de saúde.
Os ataques começaram após transferência de 360 presos na Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor Clodoaldo Pinto (CPPL II), em Itaitinga, e na Unidade Prisional Adalberto Barros de Oliveira Leal, conhecida como Carrapicho, em Caucaia. Segundo a secretária da Justiça e Cidadania, Socorro França, elas ocorreram a pedido dos próprios presos.
Eis a coisa mais perigosa que pode acontecer com uma nação: a banalização do mal, da violência, da criminalidade. É um mecanismo de defesa, claro, mas é o começo do fim. Quando Beirute entrou em guerra civil, o colunista Thomas Friedman conta que as pessoas faziam piadas de que levavam bombas nos aviões pois a probabilidade de existirem duas bombas no mesmo avião era menor. Engraçadinha, mas quando aceitamos fazer troça com o caos, é porque já fomos engolidos por ele.
O Brasil está assim. Discutindo detalhes da reforma previdenciária ou trabalhista, que os grupos organizados de interesses pretendem barrar, enquanto o ônibus pega fogo ao lado. Não há mais comoção nacional. O caso é tratado como corriqueiro, como mais um. Estamos falando da quinta maior cidade do país, com 2,6 milhões de habitantes. Mas o caso sequer é foco do presidente Temer. Rodrigo Saraiva Marinho, do Livres, desabafou:
Deixa eu entender, em Fortaleza, minha cidade, desde ontem, já queimaram mais de 10 (dez) ônibus e o Governador e o Prefeito estão viajando? É isso mesmo?
PS: Ressalto que estaria POUQUÍSSIMO preocupado com esse senhores se a população pudesse se defender contra esses bandidos. Pelo direito a legítima defesa.
Depois disso a quantidade de ônibus incendiados já dobrou! E o governador do Ceará, onde está? Recebendo uma medalha do petista Fernando Pimentel, governador de Minas Gerais enrascado com a Justiça! É muito descaso, muita banalização e negligência com o terror, o caos, a bandidagem, enquanto a população é mantida refém dos marginais e dos governantes, pagando impostos escorchantes sem retorno algum.
Tudo escandaloso demais. Ou ao menos assim deveria ser. O mais escandaloso, claro, é o fato de isso não chocar mais quase ninguém no país. O brasileiro é o sapo escaldado da história. A água foi fervendo, foi fervendo, e já entrou em ebulição faz tempo. Mas o sapo está lá, achando que o calorzinho é até gostoso, enquanto sua pele já dá sinais de que está prestes a esturricar por completo.
Querem saber o que é o mais bizarro do Brasil, visto de fora? O bizarro ser considerado normal.
Rodrigo Constantino
Como a PF costurou diferentes tramas para indiciar Bolsonaro
Cid confirma que Bolsonaro sabia do plano de golpe de Estado, diz advogado
Problemas para Alexandre de Moraes na operação contra Bolsonaro e militares; assista ao Sem Rodeios
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS
Deixe sua opinião