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Deu no FT (publicado no Valor): Brasil foi o grande perdedor em Davos:

O Brasil saiu como o grande “perdedor” do encontro de Davos, a despeito das tentativas da presidente Dilma Rousseff de resgatar a imagem do país entre investidores estrangeiros. Já o México seria o grande “vencedor” entre as nações participantes. A avaliação foi feita pelo blog “Beyond Brics”, do jornal britânico “Financial Times”.

De acordo com a publicação, “não era fácil ouvir algo de positivo sobre o Brasil” em Davos. A falta de investimentos estruturais e o excesso da participação do consumo no crescimento do país foram os fatores citados para o pessimismo dos presentes com a economia brasileira.

A presidente Dilma ainda não se deu conta de como funciona o mercado. Acredita que dá para enganar os investidores do mundo todo só com o gogó. Acha que as mentiras que conta por aqui, e que podem enganar parte da massa de desatentos, conseguem iludir gestores de bilhões de dólares acostumados com todo tipo de governante embusteiro.

Em sua coluna de hoje na Folha, o economista Alexandre Schwartsman resumiu bem a coisa:

Visto em certos círculos como capitulação, a presidente discursou em Davos numa tentativa de recuperar a confiança perdida pelo país junto a investidores internacionais. Intenção louvável (ainda que tardia) à parte, o resultado não foi dos melhores. O discurso está permeado dos mesmos vícios que criaram o problema, a saber, autossuficiência no limite da arrogância, assim como uma inacreditável incapacidade de entender as críticas ao desempenho medíocre do país.

[…]

Em nenhum momento houve reconhecimento dos erros (e não foram poucos!) de política, os diagnósticos equivocados, a execução malfeita de projetos. Houvesse autocrítica, certamente seria possível construir uma base para a credibilidade acerca de rumos futuros que incorporassem a correção dos enganos anteriores.

Assim, se tivesse que resumir o discurso, seria algo na linha: “Estamos fazendo tudo certo, mas vocês não reconhecem; tratem de admitir que somos fantásticos e invistam”.

Essa postura é sinônimo de chamar os investidores todos de otários. O tiro de Dilma saiu pela culatra. A ida a Davos serviu apenas para todos terem certeza de que nada vai mudar. Dilma acredita em seu modelo equivocado nacional-desenvolvimentista.

Se a maioria dos eleitores brasileiros se der conta disso a tempo, o modelo irá mudar trocando a presidente; caso contrário, teremos de mergulhar no caos argentino ou algo próximo disso para que haja a noção plena de que o projeto é um fracasso.

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Rodrigo Constantino