Por Roberto Rachewsky, publicado pelo Instituto Liberal
Fui a Cuba para ver, in loco, as realizações do governo comunista. Visitei casas de família, um hospital, uma escola, modelos das políticas de moradia, saúde e educação implantadas ao longo das últimas seis décadas pela chamada “revolução”.
Voltei com uma infecção intestinal de fato e com a alma emocionalmente desarranjada por testemunhar tanto a miséria quanto o sofrimento, a dissimulação e a desconfiança de quem as experimenta.
O medo e a desesperança que eu enxerguei por trás dos brilhantes olhos negros e dos largos sorrisos brancos só podem existir onde a civilização não chegou ou, se houve um dia, partiu há muito tempo.
A infecção intestinal vai passar rápido, espero. O desarranjo emocional, eu não sei. Sei que há os que voltam sem um e outro. Sem o primeiro é sorte. Sem o segundo, é azar.
Abaixo algumas informações publicadas durante a viagem em minha página no Facebook. Minhas fotos de Havana estão disponíveis para quem quiser ver na hashtag #cubadeverdade .
Tirem suas próprias conclusões sobre o que é viver no “paraíso” comunista implantado por Fidel Castro, Che Guevara e seus lunáticos seguidores:
O acesso à Internet em Cuba ocorre somente em alguns hotéis e de forma precaríssima. Mesmo num hotel 5 estrelas tem hora que não funciona. Cai a conexão a todo momento e ela é lenta. O povo não tem acesso livre, então as pessoas tentam capturar o sinal de Wi-Fi para se comunicar com parentes. É de arrepiar ver a alegria desse pessoal quando conseguem conexão para matar as saudades de quem está longe, algo que para nós é corriqueiro, aqui é limitado pelo governo.
É claro que há lugares bonitos, ainda que deteriorados; é notório que há gente alegre, ainda que sofrida; é compreensível que se escute música por todos os cantos, é uma das formas de sobrevivência. Mas, no final é revoltante que tudo isso esteja envolto por uma pobreza e precariedade impressionantes.
Uma professora ganha do governo 10 CUCs, o que paga menos de dois breakfasts ou 5 horas de internet, se lhes fossem perdido o acesso. Então, ela complementa a renda trabalhando como camareira no hotel. Quando ela ganhar o nenê, terá o privilégio de usufruir da licença-maternidade por seis meses, com um pequeno detalhe: sem direito à remuneração, que já não serve para nada mesmo.
Água em Havana só é fornecida em quantidade suficiente para lavar roupas aos domingos. O cubano não-privilegiado precisa armazenar água em baldes e tonéis durante a semana porque às vezes nem aos domingos há água em abundância.
O racionamento de luz é permanente, o fornecimento de energia começa, com sorte, às 18:00 e vai até às 8 horas, na maioria dos bairros. Não há regularidade nem para restaurantes que atendem o turismo. Pode-se chegar em um deles e o encontrá-lo fechado porque na noite anterior não haver energia para manter os mantimentos. É um horror.
As crianças cubanas são obedientes. Elas são ensinadas e doutrinadas nas escolas. Pelos 10 anos de idade, se dão conta da realidade e questionam os pais sobre as discrepâncias do que lhes foi ensinado com a experiência que a vida proporciona. Então são educadas em casa a manterem um duplo comportamento: a falsa aceitação do regime e um ódio atávico aos que os mantêm na miséria sem perspectivas de experimentarem a liberdade que todo ser humano sonha um dia usufruir.
Havana é uma cidade em ruínas, como somente as que viveram em guerra chegaram a experimentar. Uma cidade que viveu seu esplendor e se tornou um amontoado de relíquias decrépitas. Os prédios modernos são frios e opressivos, como aqueles que os conceberam. Povo alegre por natureza, transformou a alegria em profissão. Na intimidade, quando ganham confiança, expõem o que é viver numa ilha-prisão. Havana com seus cortiços, como as favelas brasileiras, indianas ou chinesas, têm sido glamourizadas somente por aqueles que lucram com a pobreza alheia.
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