Já comentei aqui várias vezes sobre o fenômeno da “direita permitida”, sobre o tipo de perfil aceito pela mídia mainstream para falar de política. É preciso fazer muitas concessões ao PT, à extrema-esquerda, e atacar sem dó nem piedade aquilo que é considerado direita. Assim se consegue galgar degraus na nossa imprensa, que tem claro viés de esquerda.
Em entrevista ao Globo hoje, tivemos um ótimo exemplo: Francis Fukuyama, professor de Stanford e responsável pela otimista tese de que vivemos o “fim da história” com a queda do muro de Berlim, responde, sobre as pesquisas eleitorais que colocam Lula em primeiro e Bolsonaro em segundo: “O mais problemático é o apoio a Bolsonaro. Ele parece ser um populista genuinamente perigoso”.
Ou seja, a grande ameaça seria Bolsonaro, não Lula! Sobre este, o pensador “liberal” tem até coisas simpáticas a dizer, como a concessão ao mito falacioso de que Lula “ajudou os pobres”: “Seus eleitores querem protegê-lo porque ele é visto como tendo sido bom para os pobres. É compreensível. Mas o Brasil precisa se tornar capaz de processar uma pessoa que, embora tenha beneficiado os pobres e criado programas sociais, violou as leis”.
Tadinho! Lula “violou as leis” e deve ser processado, mesmo que tenha feito tanto pelos pobres. O que mesmo ele fez? Ah sim, gerou 15 milhões de desempregados, destruiu a economia, voltou com a inflação elevada, concentrou renda nas JBS da vida, e fez o Brasil recuar mais de uma década em termos de progresso material, para não falar da degradação de valores morais. Fez muito pelos pobres!
E o que entender por “violar as leis”, expressão que poderia ser usada para um ladrão de galinhas? Lula aparelhou a máquina estatal toda, tentou comprar o Congresso, destruiu as estatais, desviou rios de dinheiro, institucionalizou a corrupção no país, montou uma quadrilha dentro do estado, roubou como nunca antes na história deste país em conluio com os empreiteiros. A isso Fukuyama chama de “violar as leis”. Marcola também “violou as leis”, não?
Reparem como um “intelectual” deve agir para receber holofotes da grande imprensa. Eu já admirei Fukuyama no passado, mas faz tempo em que perdi o interesse por suas análises. Não tive interesse em ler seu novo livro, e agora estou convencido de que não perdi grandes coisas. A primeira característica que um analista de cenário deve ter é coragem, para poder ser independente e imparcial. Quem demoniza Bolsonaro, mas poupa Lula, não merece mais atenção alguma.
Rodrigo Constantino
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