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Em entrevista de uma hora para os jornalistas da GloboNews, o general Hamilton Mourão, vice na chapa de Jair Bolsonaro pelo PSL, demonstrou calma e desejo de união, apesar do atentado sofrido pelo capitão. A visão é governar para todo o Brasil, não para grupos específicos.

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Merval Pereira, pegando gancho na pergunta de Fernando Gabeira, quis saber sobre o tom da campanha, lembrando da parcela da militância mais aguerrida nas redes sociais. Mourão disse que não tem como controlar todos os apoiadores, mas que a ideia não é “golpe abaixo da cintura”.

Mourão descartou o atentado como um “caso de guerra”, alegando que é natural no primeiro momento subir o tom, mas que o certo é seguir o devido processo legal, as investigações, para que os responsáveis sejam punidos. A pedido do próprio Bolsonaro, do hospital, o foco é não intensificar o tom, e sim buscar um apaziguamento da nação.

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Sobre o desarmamento, pergunta de Miriam Leitão, Mourão disse que a ideia não é jogar armas para cima para que todos peguem, e sim defender o direito individual de quem quiser ter arma, dentro das restrições legais e dos testes psicotécnicos. Ele fez uma comparação com carros, que matam milhares em acidentes, mas ninguém defende impedir a liberdade de escolha de quem quer dirigir. Sobre o monopólio da força do estado, Mourão explicou para Leitão que isso é apenas para questões coletivas, como contra grupos existentes que desafiam a ordem (um deles é o MST, ligado ao PT).

Os jornalistas tentaram arrancar de Mourão uma declaração sobre incentivo a “golpe militar”, mas o general foi claro ao defender o papel constitucional das Forças Armadas. A manchete no G1 destacou essa parte, como se Mourão tivesse defendido um ativismo militar antidemocrático. Mas ele foi claro ao defender que só para manter a lei e a ordem contra um caso extremo de anomia e anarquia faria sentido agir. Não é nada absurdo, e nada diferente do que a população brasileira demanda.

Tentaram apertar Mourão uma vez mais com aquela fala das heranças culturais, como se fosse fruto do racismo. Uma frase que Roberto Campos já usou, entre tantos outros. Não é negar a miscigenação, tampouco cair num coletivismo que nega características individuais. Falar da “indolência” dos índios ou da “malandragem” dos ibéricos não necessariamente é algo racista, assim como falar do “jeitinho” brasileiro não é odiar brasileiros. Qualquer traço cultural destacado estará falando de média, uma generalização. Qualquer pessoa sensata entende isso. Os jornalistas insistem na tentativa de “lacrar” por meio do politicamente correto, procurando pelo em ovo.

Sobre a questão do estatismo militar, Mourão reconheceu que Geisel fez um governo ruim, que não cabe mais ao estado o papel de ser empresário, e que a privatização é o caminho, talvez não de todas as estatais, mas da maioria. O papel do governo seria o de regulador, sem transformar as agências em cabide de emprego ou instrumentos politizados.

Jogaram a casca de banana do Coronel Ustra também, e Mourão se saiu bem: “Meus heróis não morreram de overdose”. Mourão lembrou que há quem tenha como herói um guerrilheiro comunista como Marighella, e que numa guerra há mortes. “Heróis matam”, concluiu, deixando Miriam Leitão sem fala. Como reagir a revolucionários comunistas que pretendiam instaurar no país uma ditadura como a cubana? Com flores? Com discursos? O povo entende. Os jornalistas, quase todos de esquerda, parecem incapazes disso, pois torciam – e lutavam – pelo lado errado.

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Isso tudo foi apenas na primeira metade da entrevista. Os 30 minutos restantes deixo para o leitor ver e julgar. O resumo é que tanto na forma como no conteúdo o general Mourão se saiu muito bem, transmitindo firmeza com tranquilidade, e tocando nos pontos certos. Bolsonaro, pelo visto, escolheu um bom nome como vice.

Rodrigo Constantino