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GloboNews passa vergonha em momento final de entrevista com Bolsonaro

Após a lamentável postura dos jornalistas na “entrevista” do Roda Viva com Bolsonaro, outros jornalistas tiveram a chance de mostrar serviço na sabatina da GloboNews desta sexta. Foi escalado um time enorme de jornalistas, o que talvez já seja um primeiro erro. Alguns são mais sérios, como Merval Pereira e Fernando Gabeira, mas todos apresentam viés ideológico de esquerda, sem exceção.

Bolsonaro começou lembrando que Joaquim Barbosa afirmou que ele foi o único da base aliada que o PT não comprou. Defendeu-se da acusação de nepotismo ou clã político, dizendo que sua família não tem escândalos de corrupção. E ao se dizer um homem normal, mas que não se deixou contaminar pelas “laranjas podres” (seus pares de Congresso), pode ser considerado um “outsider”, até porque nunca participou do poder executivo.

Tentaram colar em Bolsonaro a pecha de “mais do mesmo” na política, inclusive com a questão dos partidos por onde passou ou com que tentou alianças. O PR de Valdemar Costa Neto é um exemplo, mas Bolsonaro deixou claro ser um indivíduo autônomo e dono de seus votos, que responde apenas por ele mesmo. Procurou o PR pelo interesse de ter Magno Malta como vice, nada mais. O que Bolsonaro quer dizer é basicamente que não existe partido no Brasil, só sigla sem sentido, amontoado de indivíduos. Ele mesmo votou várias vezes contra seu ex-partido, o PP.

Cristiana Lobo perguntou como Bolsonaro fará para governar dessa forma, no varejo. Bolsonaro citou Onix Lorenzoni como seu “chefe da Casa Civil”, lembrando que ele tem negociado com vários deputados isolados, que já somam mais de cem, com base programática, ou seja, sem negociatas. “Eu sou diferente, eu serei independente”, garantiu o candidato. Apertaram Bolsonaro sobre Valdemar Costa Neto, tentando extrair dele uma confissão de “pragmatismo da velha política”, mas não tiveram muito sucesso. Valdemar é o cunhado indesejado que ele teria que engolir para ter a noiva desejada, nada mais.

Míriam Leitão tentou apertar o candidato sobre as suas próprias opiniões em economia, já que Paulo Guedes não pode ser um biombo que blinda o potencial presidente, pois ministro pode sempre ser demitido. Bolsonaro disse que não tem Plano B, que confia em Paulo Guedes, uma pessoa séria, e que o economista não é um “joguete” em suas mãos. Bolsonaro disse que quer resultados, mas que é Guedes quem terá o comando para decidir, e que não vai jogar o país numa aventura. Defendeu um Banco Central independente politicamente, e reconheceu ter mudado sobre a visão estatizante do regime militar.

Sobre comércio internacional, Bolsonaro criticou o viés ideológico da era petista e defendeu acordos bilaterais, alertando para o perigo chinês, que não estaria comprando “no” Brasil, mas sim “o” Brasil. Algum grau de proteção, portanto, faz-se necessário, mas Bolsonaro admitiu com humildade que não tem capacidade para governar sozinho, e que chegará a um meio-termo com Guedes. Não quer ficar refém do Mercosul, e vai procurar Estados Unidos e Europa para acordos.

Bolsonaro disse que o Brasil está em processo falimentar, que é contra subsídios em geral, mas que tem que ver caso a caso para a indústria não quebrar, e que o problema maior é a carga tributária, a taxa de juros, a falta de poder aquisitivo dos consumidores. Precisamos de um milagre, disse. Não sabe exatamente como fazer, mas se mostrou disposto a delegar a Guedes e sua equipe a autonomia, o que é alvissareiro. Aponta, assim, sua gestão para a direção liberal. Pode não ser os 100% que Guedes defende, mas algo nesse sentido, ao menos. O Chile de Pinochet, liberal na economia, foi mencionado como exemplo, até porque foram os doutores de Chicago, como Guedes, que permitiram o “milagre” chileno.

Até aqui, cerca de metade da longa entrevista, tudo ia bem. Jornalistas fazendo seu papel com tranquilidade, ainda que tentando jogar cascas de banana e apelar para algumas pegadinhas, e candidato respondendo com calma também. Uma entrevista razoável. Dali em diante a coisa começou a degringolar…

A postura de alguns jornalistas se mostrou arrogante, e cobravam do entrevistado números exatos ou propostas específicas, uma armadilha comum para políticos. Bolsonaro se enrolou mais também ao falar de privatizações, resgatando o argumento de “setor estratégico” para retirar Petrobras, Correios e Banco do Brasil da lista de estatais a serem vendidas (as mais importantes), ainda que não descarte totalmente a venda se o preço continuar alto demais para os consumidores. O importante é acabar de vez com o monopólio.

Mas o problema mesmo começou quando a pauta saiu de economia e foi para os “costumes”. Ali os jornalistas da emissora colocaram o chapéu de “lacradores”, e tentaram seguir a cartilha adotada pelos “entrevistadores” do Roda Viva. Bolsonaro é machista, homofóbico, fascista etc. Acha que mulheres devem ganhar menos “porque engravidam”, ignorando que a explicação para salários menores na média é, em boa parte, a escolha voluntária das mulheres por empregos mais flexíveis, justamente por conta da maternidade, uma dádiva para a maioria (exclui as feministas radicais).

Merval Pereira puxou a cartada sexual constatando que é “triste” a “desigualdade” de salários entre homens e mulheres (leia Thomas Sowell, Merval!), e Míriam Leitão veio em seguida falando em tom fúnebre que o assunto é muito sério, que o feminismo é assunto sério. Feminismo é ideologia de esquerda, Míriam! Por isso você é feminista, mas Thatcher nunca foi. Os entrevistadores começaram a pressionar uma reação pelas “distorções”, enquanto Bolsonaro se manteve firme na defesa do livre mercado: quem decide o salário é o patrão. Pontos extras para o candidato, pela lógica e pela coragem.

“Vocês preferem a lei do feminicídio no bolso ou a pistola na bolsa?”, disse Bolsonaro. Ainda sobre feminicídio, Bolsonaro lembrou que perder o pai ou a mãe tem valor igual, mas os jornalistas insistiram em sua bolha “progressista”. Morrem mais de 60 mil indivíduos no país, a maioria homem jovem, mas o foco da GloboNews era só a mulher como alvo. Isso é o típico exemplo do abismo entre o Projaquistão e o mundo real. Para crimes hediondos em geral, punições mais severas. Exatamente o que Bolsonaro defendeu, mas soava bizarro para a GNT People.

A questão dos quilombolas e índios também foi trazida ao debate, e tentaram pintar Bolsonaro como um preconceituoso. Mas o candidato se saiu bem: índio não quer apito, nem favela rural em suas reservas, exploradas por lideranças corruptas, mas sim progresso, dentista, emprego. Sobre homofobia, Bolsonaro voltou a falar que o problema dele não é com o gay, e sim com a doutrinação nas escolas. Qualquer brasileiro sensato entende isso. “Nunca tive problema com homossexual”, declarou, brincando: “Se eu fosse homofóbico não estava aqui”. E ainda provocou: “vocês sabem se eu sou gay?”

Se a entrevista terminasse nesse momento, a nota seria 7, tanto para entrevistadores como para entrevistado. Bolsonaro teria saído do tamanho que entrou, ou desarmando alguns detratores, pois se mostrou mais tranquilo, mais “presidenciável”. Mas claro que tinham que puxar da cartola o regime militar para colar a imagem de “fascista” no candidato…

Bolsonaro marcou seu grande golaço ao puxar o editorial do Globo de 1984 em defesa do “golpe”, e perguntou diante dos funcionários da Globo: Roberto Marinho era um democrata ou um ditador? Deixou todos visivelmente desconfortáveis, e ali “venceu” o debate. O tiro foi tão certeiro que deixou a turma desorientada, e a GloboNews foi responsável pelo momento mais constrangedor da história da imprensa. Míriam Leitão, lendo de forma robotizada o que recebia pelo ponto, “psicografou” o próprio Marinho para negar o que está impresso:

Os memes tomaram conta das redes sociais, Míriam “Xavier” Leitão virou uma febre na internet, e muitos resgataram o editorial do Globo “raiz”, de 1964, diferente do Globo “Nutella” de hoje, para expor a mudança de atitude entre o fundador da emissora e seus herdeiros, que preferiram ceder diante da patrulha esquerdista:

Bolsonaro, que estava se saindo apenas “okay”, venceu por “ippon”. A única coisa que será falada, lembrada dessa entrevista é esse momento estranho, essa reação de quem deve, de quem precisa se explicar demais porque, no fundo, deu uma guinada suspeita, tentando apagar seu próprio passado.

Na época, a ação militar contou com amplo apoio popular e também da mídia, justamente porque todos sabiam do perigo comunista. Hoje, os comunistas que se infiltraram na imprensa tentam se vender como democratas, e para preservar tal narrativa é fundamental reescrever a história. Gabeira, ali presente, já confessou que lutavam por outra ditadura, a comunista. Roberto Marinho fez a coisa certa. Seus filhos mancham seu legado agindo dessa forma.

E Míriam Leitão, uma das que defendiam o comunismo na época e que nunca fez uma mea culpa disso, terá que conviver com esse deslize vergonhoso, com esse papelão em seu currículo, até o fim de sua carreira. Ela protagonizou o episódio mais bizarro da mídia, sem dúvida.

Por fim, a resposta sobre “que Brasil você quer” do candidato foi certeira, para fechar com chave de ouro:

Rodrigo Constantino

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