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GloboNews traz peça publicitária disfarçada de documentário sobre Cuba
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O “jornalista” Rafael Coimbra achou “interessante” o modelo de partido único na “democracia” cubana…

Eu não tinha visto ainda, mas já tinha ouvido falar que era puro proselitismo disfarçado de “documentário”. Ontem tirei a dúvida: vi a reprise de “Impressões de Cuba”, o suposto documentário feito pela GloboNews sobre a ilha caribenha. Foi ainda pior do que o esperado.

Os “jornalistas” não conseguem esconder seu claro viés favorável ao regime opressor, e fazem de tudo para aliviar a barra do ditador. Cuba é mostrada como se fosse um lugar alegre, com liberdade de expressão (risos), com um povo que tem esperanças no futuro. E sem pedintes nas ruas, claro.

Difícil é decidir qual programa foi pior: esse “documentário” ou a “reportagem” de Caco Barcellos sobre o programa Mais Médicos. Ambos tentam esconder a realidade dos telespectadores, ocultando-a atrás de mentiras escancaradas. Chamar isso de jornalismo é um absurdo.

O país foi todo maquiado pelas lentes dos “jornalistas”. O que é miséria para a população vira algo “vintage” para os de fora, um certo charme nas ruas repletas de carros antigos (velhos, caindo aos pedaços). O que é opressão de um partido único no poder há mais de meio século vira um regime popular, e no ápice da canalhice, o “repórter” Rafael Coimbra “reflete” sobre o que escutou de um “cidadão” (escravo), achando interessante não existirem vários partidos brigando entre si, já que o único que tem representa todo o “povo”. É muita cara de pau stalinista.

O simples fato de que é preciso ter autorização do regime para filmar qualquer coisa lá já derruba qualquer chance de imparcialidade, e é preciso ser muito ingênuo para acreditar que o ditador não tem conhecimento do que está sendo filmado pela equipe. Logo, só pode mostrar o que é autorizado, e isso não é jornalismo, mas extensão do departamento de marketing do regime.

O mais irônico é que, mesmo tentando esconder a realidade dura e entrevistando pessoas que eram visivelmente agentes do regime, o “documentário” não consegue ocultar a miséria ou fugir das contradições. Um taxista diz que nada lhe falta, e logo depois aparecem alguns usando cartão de racionamento para poder comer e um senhor implorando por um par de sapatos, pois o único que tinha estava totalmente destruído. Outros pescavam para complementar a refeição. E a farmácia não tinha quase nada nas prateleiras, e uma simples aspirina precisava de receita médica.

Quem conhece Cuba pelo relato de vários dissidentes sabe que os “jornalistas” forçaram muito a barra para melhorar a imagem do país. Por que fizeram isso? O que está por trás desse tipo de programa? Postei ontem um curto desabafo sobre o programa no meu Facebook, e vários leitores concordaram, revoltados com a postura da GloboNews. Alguns já visitaram a ilha, e relataram a discrepância entre o que foi mostrado e o que existe de fato:

Estive em Cuba. O documentário é mentiroso!! Me pergunto.. a troco de que um jornalista faz um documentário falso? Ainda mais em favor de um regime assassino? Do mal, só pode.

Dá nojo… Eu já fui a Cuba 2 vezes nos últimos 5 anos, a trabalho, diga-se de passagem. Vi o documentário da Globo e morri de rir. Ou eu não fui a Cuba, ou o repórter da Globo foi para outro lugar.

E por aí vai. O “capital humano” de excelente qualidade foi citado como um diferencial de Cuba por conta da boa educação, o que não passa de um mito inventado pela esquerda. Os entrevistados foram escolhidos a dedo para enaltecer o país, pois possuem interesses comerciais ou são agentes disfarçados, como o rapaz que negava haver controle da internet (uma piada). E claro, o embargo americano era citado como o grande culpado pela pobreza gerada pelo socialismo.

Tudo muito tosco, muito absurdo. E fica ainda pior quando lembramos que a Globo é acusada de ser “golpista” pela esquerda radical que defende Cuba. Imagina se fosse de esquerda então! Se sendo “golpista” de direita ela já faz essa propaganda enganosa da mais velha e assassina ditadura do continente, o que faria se fosse simpática ao socialismo?

O mais triste, confesso, é ver que Ali Kamel assina como diretor geral ao término do “documentário”. Como alguém sério e com boas ideias pode emprestar seu nome para algo tão podre?

Rodrigo Constantino

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