Dizem que o Brasil é o país em que o traficante cheira, o cafetão tem ciúmes e a prostituta tem orgasmos. Acrescentaria mais essa agora: e o comunista quer um choque de capitalismo. Flávio Dino, eleito para governar o Maranhão após derrotar o clã Sarney, pretende adotar uma gestão capitalista que fomente a iniciativa privada no estado, que é um dos mais pobres do país após décadas de coronelismo.
Em entrevista à Folha, Dino, que teve o apoio dos tucanos e a oposição do PT, quer seguir a linha de Deng Xioping, o chinês pragmático que fez importantes reformas liberalizantes em seu país, também controlado por comunistas. Seu desafio é liderar uma “revolução democrática burguesa”, o que é mesmo revolucionário em um país cujo governo “progressista” é o mais reacionário de todos.
“Garantir o cumprimento da lei, dos contratos, incentivar os investidores privados, novas formas de organização do Estado que contemplem a participação popular, mas que permitam também de outro lado o desenvolvimento daqueles que querem empreender, querem investir”, diz o “Deng Xiaoping do Maranhão”. O líder chinês adotou a máxima pragmática de que não importa a cor do gato, desde que ele pegue o rato.
Para o governador eleito, as administrações das últimas décadas no Maranhão tiveram “medo do capitalismo” porque haveria nesse sistema a “concorrência, o livre mercado, o fim a privilégios”. Por que, então, não mudar o nome do partido? Porque é “bonito”, diz o governador eleito. Ou seja, fica declarada a operação violino: pegar o governo com a mão esquerda e tocá-lo com a direita.
Aguardemos. O Brasil é realmente sui generis. O país da piada pronta, em que comunistas querem dar um choque de capitalismo e têm como oposição os socialistas do PT aliados dos coronelistas tradicionalmente associados à direita. É o samba do crioulo doido mesmo…
Rodrigo Constantino
Lula vai trabalhar crise dos deportados internamente sem afrontar Trump
Delação de Mauro Cid coloca Michelle e Eduardo Bolsonaro na mira de Alexandre de Moraes
Crise do Pix, alta de alimentos e Pé-de-Meia mostram que desconfiança supera marketing de Lula
Tiro no “Pé-de-Meia”: programa pode levar ao impeachment de Lula; ouça o podcast
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS