Tive aula com Eduarda La Rocque, ou simplesmente Duda. Trata-se de uma boa professora, e uma economista preparada, com viés mais liberal, coisa rara no Brasil. Duda teve experiência no setor público também, e se mostrou responsável, séria. Qual não foi minha surpresa – e decepção – quando a vi, portanto, dando apoio ao socialista Marcelo Freixo?! E pior: teria partido dela mesmo a iniciativa. Eis a notícia:
Economista de linha ortodoxa formada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio), um dos centros do pensamento liberal no Brasil, a ex-secretária municipal de Fazenda do Rio Eduarda La Rocque, de 47 anos, virou uma das principais conselheiras de programa de governo do candidato do PSOL à prefeitura do Rio, Marcelo Freixo. Ex-integrante da equipe de Eduardo Paes (PMDB) em seu primeiro mandato, ela integra a equipe de economistas que adapta o projeto do PSOL à lei orçamentária.
A expectativa é de que a participação de Eduarda na elaboração do programa de governo de Freixo tenha o mesmo efeito da nomeação de Henrique Meirelles para o Banco Central no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – a meta é acalmar o mercado. “Espero que sim. Estou aqui para isso. Para fazer um governo responsável e de inclusão social”, afirma Eduarda, em entrevista ao Estado.
A aproximação da liberal Eduarda com o socialista Freixo ocorreu por iniciativa da própria economista. Convencida pelos filhos, de 22 e 16 anos, ela procurou o candidato oferecendo ajuda, perto da votação do primeiro turno. “Neste País, o dilema ético versus não ético é mais importante do que o esquerda versus direita. A conversa com Freixo foi muito boa. Ele é pragmático, bem menos dogmático do que eu acreditava”, revela a economista.
Eduarda diz que há pouco espaço para divergências políticas na administração municipal. “Não tem muita firula: tem de cumprir a lei orçamentária, ser o mais eficiente possível. Nisso há um alinhamento total entre direita e esquerda. Na administração municipal não tem de discutir política macroeconômica”, diz.
Quando começam com esse papo de “não tem esquerda e direita”, ou “há alinhamento entre esquerda e direita”, eu levo automaticamente a mão ao bolso para proteger a carteira. Esquerda é sinônimo de irresponsabilidade fiscal desde sempre. Afinal, esquerdista não acredita nessa coisa de orçamento equilibrado, de restrição orçamentária, de escassez. Roberto Campos já alertava para isso: “Segundo Marx, para acabar com os males do mundo, bastava distribuir; foi fatal; os socialistas nunca mais entenderam a escassez”.
Chamar alguém radical como Freixo de “pragmático” é desprezar nossa inteligência, é ato ou de mentira deliberada ou de um inocente útil. Freixo pertence ao PSOL, um partido fundado por terrorista, que defende o modelo venezuelano de Maduro, que condena o capital, o lucro, o mercado. Se Freixo conseguiu simular mais moderação na conversa, isso não quer dizer que Duda deveria ter acreditado. Faltou um pouco mais de perspicácia e menos ingenuidade.
Lula também teve seu momento “pragmático”, com Henrique Meirelles no Banco Central. Deu no que deu. Era tudo uma farsa para ganhar tempo, um embuste, uma empulhação para enganar trouxas, o próprio mercado financeiro, os investidores. Durou apenas dois anos a lua de mel, a “responsabilidade” do então presidente. Até precisar se reeleger, em meio ao mensalão. Um esquerdista não muda sua essência: ele apenas sabe fingir, como o próprio Lenin durante sua Nova Política Econômica.
E se alguém duvida, e se a própria Duda acha que Freixo saberia mesmo ser responsável com as finanças municipais, eis o que o próprio disse recentemente:
O candidato do PSOL à prefeitura do Rio, Marcelo Freixo, afirmou nesta quarta-feira que a crise econômica do país não é provocada por excesso de despesas do governo federal, mas por problemas na arrecadação das receitas. Segundo ele, há um “equívoco no entendimento” do assunto. A Câmara dos Deputados aprovou na semana passada, em primeira discussão, uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que limita o crescimento do gasto público à inflação do ano anterior por um período de vinte anos. A bancada do PSOL votou contra a medida, e Freixo já se manifestou contrário ao projeto.
Freixo tem se reunido com economistas, como Eduarda La Rocque, que foi secretária municipal de Fazenda na gestão de Eduardo Paes, e Laura Carvalho, professora da USP. Em breve, a campanha vai apresentar oficialmente o grupo que tem auxiliado o candidato no debate econômico.
— A crise não acontece por excesso de despesa. A gente vem gastando menos nos últimos anos, em todas as esferas. A crise acontece, fundamentalmente, por uma crise de arrecadação. Não acho que vamos resolver a crise investindo menos em educação e saúde. A gente vai resolver se conseguir arrecadar mais, dialogar mais com o setor produtivo, gerar mais emprego — defendeu o candidato.
Ou seja: vem aumento de imposto aí! É só o que a esquerda sabe fazer: aumentar impostos. Eduarda quer mesmo associar seu nome ao de alguém como Laura Carvalho, autora de artigos sofríveis, para dizer o mínimo, na Folha, onde sempre defende mais estado e mais gastos públicos, atacando o mercado e os economistas liberais? É muita queimação de filme, é sujar demais o próprio nome. Sai dessa, Duda! Enquanto é tempo.
PS: Aos que querem compreender melhor os absurdos pregados por esses esquerdistas, recomendo meu curso online pela Kátedra, “Bases da Economia”, que já completou 600 inscritos. São horas de aulas sobre diversos temas econômicos, em linguagem acessível, com viés austríaco, algo que não tive na minha formação na PUC. Tenho certeza de que até minha ex-professora, que tanto me decepcionou agora, poderia aprender algumas coisas relevantes ali. O mundo dá voltas: será que ela aceita ser minha aluna agora? Pelo visto, está precisando…
Rodrigo Constantino