Vivemos na era do politicamente correto. Isso, todos sabem. Mas o que é esse PC, e de onde ele vem? Em parte, ele é fruto do narcisismo de uma geração mimada, refém do “marketing do comportamento”. Ou seja, pessoas que precisam se considerar as mais bondosas e tolerantes do planeta, em nome de sua imagem, mas que, no fundo, não são nada disso, criaram um mecanismo de autoengano e de restrição aos seus próprios sentimentos preconceituosos. Nascia assim a ditadura do politicamente correto.
Por isso todo “progressista” costuma ser um hipócrita. Porque eles falam em nome da tolerância, da igualdade, da diversidade, mas não costumam praticar nada disso. Os sinceros chegam a acreditar que são mesmo almas abnegadas, ao contrário dos canalhas conscientes. Para evitar a dissonância cognitiva, a dor de suas próprias contradições esquizofrênicas, essa turma politicamente correta adota o velho duplo padrão, bem seletivo.
Mas os sentimentos continuam lá, embaixo do pano. Os preconceitos seguem vivos, atrás das aparências. O politicamente correto é a máscara que, um dia, cai. E essa introdução toda foi para chegar a esse exemplo: uma chamada da CNN, canal bastante “progressista”, que denota todo esse preconceito jogado para baixo do tapete.
O apresentador Greg Gutfeld, da Fox News, comentou sobre isso no programa “The Five” desta terça, chamando a atenção para o racismo sutil da chamada, que dizia algo assim: “Trump quer que seu partido corteje os negros – e então detona os direitos de voto dos prisioneiros”.
Ora, quem faz o elo entre “raça” e crime aqui é a própria CNN, não Donald Trump! Sim, é perfeitamente possível cortejar os votos dos negros e ao mesmo tempo atacar o voto dos criminosos. Quem parece não entender isso é a “progressista” CNN, que interpreta negros e criminosos como sinônimos, apontando, assim, uma suposta incoerência do candidato republicano.
“Se você quer o voto dos negros, por que então você iria contra o voto dos criminosos?”, perguntou Greg de forma irônica. É o que dá a entender o canal de esquerda, adorado pela elite culpada (branca). Greg dá outros exemplos depois. Imaginem se a manchete dissesse: “Trump quer o voto dos judeus, mas é contra banqueiros gananciosos”. Ou se fosse assim: “Trump quer o voto dos descendentes de mexicanos, mas condena imigrantes estupradores”.
Opa! Nesse caso o próprio Trump parece mesmo fazer algum elo entre imigrante mexicano e estupros, e isso é motivo de intensa revolta da mesma imprensa “progressista”, que o acusa de xenófobo e racista. Fato: ele não acusa todos os imigrantes ilegais de estupradores e bandidos, mas aponta para a elevada proporção deles entre os criminosos. Não importa. Eis aí o duplo padrão: quando é Trump a insinuar que todo imigrante mexicano é um estuprador em potencial, o mundo vem abaixo. Quando é a CNN que liga criminosos a negros, isso é jornalismo independente.
“Bem, com um Republicano, tudo é sempre racismo, mas quando é a mídia mainstream de esquerda isso é inteligente”, diz Greg. Ele acrescenta: “O que explica porque tantas cidades sob o governo de esquerdistas inteligentes estão quase em ruínas”. E conclui:
Se você enxergar o crime como uma coisa racial, e não uma coisa humana, qualquer ato de resolvê-lo será visto como racial, o que prejudica as pessoas que respeitam as leis e não vêem raça no crime. Eles só vêem as suas vidas agravadas por aqueles que encontram a política na sua dor.
Pois é. Os “progressistas” politicamente corretos politizaram tudo! Enxergam racismo em todo lugar, machismo em cada canto. Será que não se trata de um caso de projeção psicológica? Até que ponto o politicamente correto não veio justamente “tampar” esses sentimentos ruins que essa gente sente, mas em nome do “marketing do comportamento” precisa ocultar de Deus e o mundo, a começar de si mesma?
Acho perfeitamente possível que o jornalista autor da manchete se considere uma pessoa sem preconceitos, como o bom “progressista” que deve ser, e se olhe no espelho à noite satisfeito com sua luta por um “mundo melhor”, i.e., sem Trump e com Hillary no poder.
Rodrigo Constantino