Por João Luiz Mauad, publicado pelo Instituto Liberal
“O problema da questão ambiental é que pra cada Greta amada e idolatrada pelo beautiful people, tem 100 chinezinhos que tiveram suas vidas salvas da ruína real (e não a ruína imaginária de uma suequinha que sempre viveu no bem bom) graças à queima de carvão, poluição de rios, etc, etc., etc.
Só isso já deveria fazer as pessoas refletirem um pouco sobre a complexidade do problema ambiental e entenderem que a saída não vai ser, não pode ser, na base do sentimentalismo barato, de apontar o dedo pra todo mundo, como se fosse uma decisão simples, consensual, simplesmente “parar de poluir” porque a adolescente do 1° mundo tá bravinha e acha que o sacrifício vai ser, sei lá, abaixar dois graus no termostato no inverno. Não vai ser. O sacrifício pesado vai ser em cima dos africanos, dos asiáticos e dos latino americanos pobres, a turma que ainda não conseguiu pegar o bonde do minimo da qualidade de vida, que não tem acesso a coisas que a Gretinha nem em sonhos imaginaria que lhe pudesse faltar algum dia.” (Hobbes Matraca)
Esse certeiro comentário me fez lembrar de um artigo publicado pelo Financial Times, de autoria de Roger Pielke e Daniel Sarewitz*, que traduzi há alguns anos, do qual transcrevo alguns trechos:
“Um relatório recente do Centro Sem Fins Lucrativos para o Desenvolvimento Global estima que US$ 10 bilhões investidos em projetos de energia renovável na África sub-Saariana poderiam fornecer eletricidade para 30 milhões de pessoas. Entretanto, se o mesmo volume de recursos fosse usado na geração de gás, poderia fornecer energia para cerca de 90 milhões de pessoas – três vezes mais.
Na Nigéria, um programa de desenvolvimento das Nações Unidas está gastando US$ 10 milhões para ajudar a “melhorar a eficiência energética de uma série de equipamentos de uso final em edifícios residenciais e públicos”. Como forma de retirar pessoas da pobreza, isso é no mínimo fantasioso. A Nigéria é o sexto maior produtor de óleo do mundo, além de contar com vastas reservas de gás natural. Apesar disso, nada menos que 80 milhões de habitantes ainda não têm acesso à eletricidade. Portanto, os nigerianos não precisam simplesmente que seus equipamentos elétricos sejam mais eficientes; Eles precisam do suprimento de energia abundante, especialmente derivada de fontes locais. (…)
Os ativistas do clima dizem que os habitantes dos países pobres são especialmente vulneráveis ao futuro das mudanças climáticas. Por que, então, simultaneamente, promovem o imperialismo verde que ajuda a bloquear na pobreza estas mesmas nações?
Se, nas próximas décadas, a África alcançasse o crescimento econômico rápido, do tipo que a China tem experimentado, isso tiraria centenas de milhões de pessoas da pobreza. Mas como o mundo rico pode atestar, crescimento econômico requer consumo de energia em doses sempre crescentes – e em grande parte fornecida por combustíveis fósseis. Somente no ano passado, 1,4 bilhão de chineses foram responsáveis pela emissão de mais de 10 bilhões de toneladas de CO2, enquanto 1 bilhão de pessoas, em todo o continente africano, emitiram apenas um décimo disso. A População africana poderá exceder a da China dentro de uma década, chegando ao dobro em meados do século. Portanto, as perspectivas desses bilhões de pessoas dependem, em grande medida, do crescimento da sua produção de energia e consumo.”
Enfim, como escrevi alhures, é difícil sequer imaginar o grau de sacrifício e de danos que as políticas de redução de emissões de CO2 requeridas pelos ativistas do aquecimento global nos causariam. Se consumimos hidrocarbonetos, é porque eles nos garantem níveis de prosperidade, conforto e mobilidade como nenhum outro combustível. A energia deles obtida melhora nossa saúde, reduz a pobreza, permite uma vida mais longa, segura e melhor.
Não importa se medido por peso ou volume, o petróleo refinado produz mais energia do que praticamente qualquer outra substância comumente disponível na natureza. Essa energia é, além de tudo, fácil de manusear, relativamente barata e muito abundante. Simplesmente descartá-la, como desejam Greta e seus mentores, é uma solução tão estúpida quanto cruel.
(*) Os autores são, respectivamente, catedráticos da Universidade de Colorado e Arizona State University
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