Os leitores que me acompanham há mais tempo sabem de minha ligação “umbilical” com o Partido NOVO. Já até contei como foi que soube de sua existência, bem no começo: a filha do presidente-fundador foi minha estagiária, até que ela percebeu que eu falava mais de política do que de finanças, e resolveu mencionar o projeto de seu pai. Eu já confiava nela para saber que era coisa séria, e ela confiava em mim para saber que estava indicando alguém sério para ajudar seu pai.
Foi “amor à primeira vista”. Eu vi ali a chance de um partido que não teria medo de defender o caminho liberal. Nas primeiras reuniões do seleto grupo havia algumas divergências, o que é normal e saudável. Mas com o tempo foi ficando claro que o DNA do partido seria mesmo liberal, ainda que o rótulo não fosse necessariamente o principal. Mas se anda como cachorro, abana o rabo com cachorro e late como cachorro, então é cachorro!
Participei das primeiras conversas que ajudaram a definir, então, a espinha dorsal do partido. Vi que tinha muita gente séria participando da empreitada, e colaborei como pude para que ela avançasse. Acredito – e espero – ter levado muita gente boa ao conhecimento do partido, para que pudessem ajudar na construção orgânica dessa alternativa liberal em meio aos nossos 30 tons de vermelho da política nacional.
E eis o ponto-chave aqui: algumas pessoas reclamam, com razão, que não faz muito sentido ter mais um partido no país. O problema é que temos muitas legendas, mas quase nenhum partido. E os que temos são todos de esquerda! Sim, até o PSDB, caro leitor desavisado. Os tucanos são defensores da social-democracia, que em qualquer país civilizado do mundo é de centro-esquerda. Uma esquerda mais moderna e civilizada do que aquela retrógrada socialista, é verdade. Mas, ainda assim, esquerda. E o surgimento do NOVO coloca, finalmente, o PSDB em seu devido lugar na cena política brasileira.
Por exemplo: o PSDB sequer tem coragem de defender seu legado de privatizações com base em convicções ideológicas, e tampouco ousa pregar a privatização da Petrobras. O NOVO não vai titubear: não faz sentido ter um estado empresário, logo, a estatal que está no epicentro do escândalo do “petrolão” deveria ser vendida sim. “O petróleo é nosso” é um slogan nacionalista que serve apenas de desculpa para os abusos dos oportunistas de plantão.
Esse foi apenas um exemplo, mas toda a crença do Novo está montada com base na visão liberal de que precisamos de mais sociedade livre e menos estado intervencionista. Claro, é possível selecionar as prioridades, comprar as brigas certas, evitar as cascas de banana que servem apenas para rachar a nova direita que se forma no país. Não é hora de liberais e conservadores brigarem, pois há muito que ser feito antes de suas divergências ganharem relevância.
Dito tudo isso, só temos a celebrar a decisão do TSE desta terça que aprovou o nascimento oficial do Partido NOVO, cujo número será o 30. O primeiro grande passo foi dado, e eu sei do esforço dos envolvidos. Mas é apenas o começo. Agora, novos obstáculos enormes virão. O partido precisa atrair gente boa e séria para a sigla, precisa de filiados para se sustentar sem o fundo partidário (que pretende lutar para abolir), e tem que escolher os candidatos certos para não manchar sua imagem, ainda virgem.
São os ventos de mudança que vejo por todo lado. Vai dar certo? Depende de cada um de nós, e o tempo dirá. Quem me conhece sabe que sou cético com a via política, mas ela é totalmente necessária. A trajetória dificilmente será suave e sem retrocessos ou decepções no caminho. Liberais não acreditam em milagres ou panaceia. Mas é preciso agir, pois tudo que é necessário para o triunfo do mal é que as pessoas de bem nada façam.
O NOVO tem muitas pessoas de bem fazendo alguma coisa. Merece todo nosso apoio. E que possamos fiscalizar os próximos passos para preservar a alma liberal do partido. Afinal, um partido é tão bom quanto as pessoas que o representam. Se você está cansado da política brasileira, com todos os motivos do mundo para isso, então ajude a mudá-la de dentro, pois só reclamar não vai resolver nada. Participe desse algo NOVO que desponta na política brasileira e reacende a chama da esperança num futuro melhor.
PS: Para quem tiver interesse em conhecer melhor as ideias do partido, segue uma entrevista de 30 minutos que João Dionísio Amoedo concedeu ao Instituto Liberal:
Rodrigo Constantino
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