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Gosto do estilo de Carlos Alberto Sardenberg, pois direto e objetivo, como quem fala para o povo numa conversa informal. Em sua coluna de hoje, ele mostra que as ações das empresas brasileiras, principalmente das estatais, sempre sobem quando aumenta a probabilidade de Dilma sair, um claro sinal de que todos os investidores percebem as grande vantagens de um impeachment.

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Lembra, ainda, que um governo de Michel Temer pode ser, numa visão realista, apenas neutro, ou seja, parar de prejudicar a economia como faz hoje o de Dilma, mas que há também uma visão otimista de que ele possa fazer reformas necessárias. Afinal de contas, foi num governo de transição como o de Itamar Franco que surgiu o Plano Real. Diz ainda:

De todo modo, não se trata apenas de trocar o governo ou de tirar o PT, embora isso seja peça essencial no processo. Vamos falar francamente: Lula e Dilma conduziram o país para uma crise sem precedentes. Dois anos de recessão profunda, desemprego em alta com inflação acima de 10% ao ano, juros na lua, estatais aparelhadas e destruídas (conseguiram quebrar os Correios e a Petrobras!), sem contar a corrupção. É preciso reconhecer: um desastre inigualável no mundo.

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Ainda assim, o buraco é maior. A sociedade brasileira sofre com uma perversa combinação de crises, na fase mais aguda de duas doenças crônicas. Na economia, a questão central pode ser assim resumida: o gasto público cresce mais que o Produto Interno Bruto (PIB). Na política, o presidencialismo de coalizão impede a formação de uma maioria sólida para aplicar uma reforma do Estado.

[…]

Aliás, este ponto mostra também a dificuldade de um governo pós-PT que tente as reformas. Vai enfrentar tremenda oposição comandada por Lula. Quer dizer que o Brasil está perdido, condenado a uma economia medíocre por muitos anos?

Esta é uma possibilidade concreta, ainda mais quando se considerada a cultura brasileira de buscar tudo no Estado e achar que o dinheiro público é infinito. As pessoas, como as sociedades, mudam por virtude ou necessidade. No nosso caso, parece que será pela via mais difícil e demorada. Parece que tem de piorar muito para que se perceba a necessidade de reformas estruturais.

Muita gente considera o PMDB o grande “câncer” da política nacional, mas é, na verdade, o PT que merece esse “crédito”. Foi o pior tipo de oposição possível, pois jogava contra o país sempre de olho no poder, depois foi o pior governo possível, destruindo a economia, as estatais, roubando como ninguém e aparelhando as instituições todas, e agora pode ir para a oposição com sua postura destrutiva novamente, para atacar os outros pelos males que causou.

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O PT é o verdadeiro câncer, o atraso da nossa política, o obstáculo ao progresso, às reformas estruturais que tanto precisamos. Sardenberg está certo: enquanto um PT da vida (com sua “linha auxiliar” PSOL) tiver tanto espaço na política nacional, engambelar tanto idiota útil por aí, não corremos muito risco de dar certo: teremos de ver o diabo mais de perto ainda até que as tais reformas estruturais sejam um imperativo categórico do qual não dá mais para fugir.

Rodrigo Constantino