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Errar é humano. Reconhecer o erro, admitir que se enganou com sinceridade, para mudar e evitar novos erros iguais é louvável. Quando VEJA errou com Romário, saindo de seu padrão de rigor, escreveu um grande editorial pedindo desculpas sinceras e reconhecendo a injustiça. Atitude nobre. Mas será que o “mea-culpa” parcial da presidente Dilma sobre seus “erros” na economia tem a mesma natureza?

Quem acompanhou o blog nos últimos dias sabe que existe um “reconhecimento de erro” hipócrita, simulado, tático. Aquele blogueiro de cinema fez exatamente isso: encontrou no seu “pedido de desculpas” uma chance de posar de bonzinho para seus leitores e ainda tentar fugir de um processo judicial. Era um “arrependimento” tão falso como uma nota de três reais.

O “reconhecimento” da presidente Dilma é desta segunda categoria, não da primeira. Com sua “admissão de equívoco” ela pretende, na prática, fugir do reconhecimento de seus verdadeiros erros, que jogaram a economia brasileira na lama. Ao admitir que errou por “demorar a perceber” a gravidade da crise internacional e adotar uma inflexão nas medidas, ela pretende se eximir de culpa pelo estrago que suas medidas causaram.

É, portanto, uma confissão dissimulada e cínica, típica dos petistas. Ela tenta sair maior do que entrou ao aceitar um “errinho bobo” para não ter que enfrentar a lambança que fez no país. Diz que ninguém poderia ter antecipado a severidade da crise, a queda do petróleo, a desaceleração chinesa. O “detalhe” é que nada disso foi a causa de nossos problemas. O agravamento da crise chinesa poderá piorar nossa crise, jogar mais lenha na fogueira. Mas a fogueira foi acesa com a “nova matriz macroeconômica”, com o desenvolvimentismo inspirado da turma da Unicamp.

A crise, como cansei de mostrar aqui, é totalmente “Made in Brazil”. Tanto que os demais países emergentes estão em situação muito melhor, crescendo mais e com menos inflação. O Brasil afunda no lamaçal criado pelo governo petista. E se Dilma e sua equipe não anteciparam nada disso, vale lembrar que nós, economistas liberais, antecipamos. E fizemos vários alertas, que caíram em ouvidos moucos, que foram ridicularizados. A campanha de Dilma chegou a criar o Pessimldo para ironizar esses alertas.

Além da economia, o outro lado cínico da fala da presidente foi o aspecto político, da corrupção. Ela se disse surpresa com o envolvimento de petistas no petrolão. A mesma tática usada por Lula antes, no mensalão, quando se disse “traído”, sem jamais apontar o nome do traidor. Dilma finge que nada sabia, que não tinha como esperar um comportamento desse tipo, o que é uma piada de mau gosto, uma afronta aos brasileiros, um escárnio. Onde ela esteve nos últimos 13 anos? Em Marte? Em Júpiter?

Enfim, errar é humano, e admitir os erros com arrependimento sincero é louvável. Mas insistir nos erros, no caso, não é apenas burrice; é canalhice da pior espécie, é cinismo oportunista, é embuste e empulhação. O povo brasileiro já caiu nessa antes. Não cai mais. Aprendeu a lição. Assim espero…

Rodrigo Constantino

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