Em sua coluna de hoje na Folha, Marcos Troyjo faz uso de uma expressão que resume bem nossa política externa sob o PT: “hipersensibilidade jeca”. Segundo o diplomata, essa tensão entre o governo e o mercado revela as “erupções emocionais que acumulamos em nossa interação com o mundo”.
Troyjo acredita que tal acervo de improvisos “demonstra amadorismo e desconforto na convivência com uma sociedade aberta e global”. Isso tudo seria agravado pelo “amadorismo juvenil” de quem nos governa.
Em seguida, o autor lança mão de vários casos concretos, como a tentativa de expulsão de um jornalista americano só por mencionar os hábitos etílicos do então presidente Lula, para provar seu ponto. E chega, finalmente, no caso do Santander para concluir:
Essa lista não-exaustiva de equívocos evidencia desdém com estratégia de inserção global delineada pelo interesse nacional de longo prazo. Em vez disso, posturas imediatistas e direcionadas ao perecível consumo do público interno. Estamos respondendo aos desafios de uma conjuntura planetarizada com uma hipersensibilidade jeca.
Não há como negar: nossa política externa petista não leva em conta os interesses nacionais de longo prazo, e sim os interesses políticos e eleitorais do próprio PT, nada mais. O partido, como o próprio Lula, não saiu ainda do palanque, acha que tudo é bravata, retórica para seduzir aqueles antiamericanos invejosos que sempre garantiram plateias cheias no Fórum Social Mundial.
Mas o diplomata, até por perfil do ofício, é suave demais no ataque. A hipersensibilidade jeca é parte do problema, sem dúvida, mas ele não acaba aí. Creio que o buraco é bem mais fundo. Em nome dessa mentalidade tacanha do PT e de gente como Marco Aurélio Garcia, o lamentável fato é que o Brasil se transformou em um “anão diplomático” mesmo, e se alinhou ao que há de pior no mundo.
Se há escória, ditadura assassina, fundamentalismo islâmico, totalitarismo opressor, lá estará nosso Itamaraty dando suporte ou, na melhor das hipóteses, adotando um ensurdecedor silêncio, enquanto parte para o ataque seletivo contra os Estados Unidos e Israel. É mais do que jeca; é podre mesmo!
Rodrigo Constantino
