O vídeo está circulando rapidamente pelas redes sociais e já viralizou. A música é boa, pega, e o trabalho está, tecnicamente, bem feito. Trata-se de “Faroeste Caboclo”, do Legião Urbana, adaptada para os recentes acontecimentos envolvendo a JBS e quase todos os políticos brasileiros. Vejam o clip, de Pedro Guadalupe e João Basílio, que volto em seguida:
Pois bem: o que dizer disso? Roberto Campos brincava que as estatísticas são como o biquíni: mostram quase tudo, mas escondem o essencial. Esse clip também é assim, como um biquíni fio dental: mostrou até demais, como no caso absurdo de Jair Bolsonaro, que aparece em sequência de várias imagens com o claro intuito difamatório, sendo que o deputado recusou recursos da JBS.
O historiador Marco Antonio Villa pode não ter entendido bem as explicações do deputado na Jovem Pan, insistindo numa acusação de “triangulação” do dinheiro. Mas um exemplo talvez possa ajudá-lo: se a própria Jovem Pan receber dinheiro de publicidade da JBS, isso não quer dizer que ele, Villa, estará na lista de pagamentos do grupo.
Pode até ser uma linha tênue porque dinheiro não tem carimbo, mas está claro que Bolsonaro rejeitou receber diretamente recursos do grupo. Se seu partido aceitou, e depois lhe destinou verbas para a campanha, como fez com todos os candidatos, isso não pode caracterizar transferência da JBS para Bolsonaro, como o vídeo claramente dá a entender, de forma desonesta e até criminosa.
Agora vamos ao que o clip escondeu: nada menos do que o principal nome por trás de todo o esquema envolvendo a JBS. Ele mesmo, o Nine Fingers, o chefe, Luís Inácio Lula da Silva! O homem simplesmente não aparece, assim como Dilma. Luciano Coutinho, o então presidente do BNDES no governo petista, que escolheu o “campeão nacional”, tampouco surge no vídeo. Que espanto!
A música é boa, o clip revela bastante da podridão que escandalizou o Brasil, mas, como um biquíni pequenino, deixou de fora o essencial, aquilo que todos queriam ver. Lula, o principal nome por trás da ascensão da JBS, ficou de fora. Luciano Coutinho, o instrumento que possibilitou a coisa toda, ficou de fora. E a conclusão óbvia, de que a própria existência do BNDES leva a esse tipo de situação, ainda mais quando uma quadrilha como o PT chega ao poder, tampouco fica evidente.
Ou seja, o que poderia ser excelente, acabou sendo meio vergonhoso. É o que normalmente acontece quando a arte é politizada e passa por um filtro ideológico…
Rodrigo Constantino
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