Ao som de “Será que é isso que eu necessito?”, dos Titãs, o primeiro trailer de “Real – O plano por trás da História” traz um aperitivo do filme que reconstitui os bastidores do plano econômico que estancou a inflação e criou uma moeda estável para o país no início dos anos 1990. A estreia está marcada para 18 de maio.
Com Emílio Orciollo Netto no papel do economista Gustavo Franco, o elenco traz ainda Norival Rizzo como Fernando Henrique Cardoso, então ministro da Fazenda; Bemvindo Siqueira na pele do presidente Itamar Franco, e Tato Gabus Mendes como o presidente do Banco Central Pedro Malan. A direção do filme é de Rodrigo Bittencourt.
Eis o trailer:
Livremente inspirado no livro “3.000 dias no bunker – Um plano na cabeça e um país na mão”, de Guilherme Fiuza, “Real” centra foco no papel de Franco na elaboração do Plano Real. Oriundo da Pontifícia Universidade Católica do Rio, o economista fora chamado por Malan para ajudar a debelar uma uma inflação de mais de 40% ao mês e acabar com a crise e o desemprego. Ao lado de outros seis economistas, o grupo se reúne em uma espécie de “bunker” para se proteger de pressões.
Na linha do que acabo de dizer sobre o documentário que retrata os bastidores das manifestações que levaram ao impeachment de Dilma, os liberais e conservadores precisam investir mais na narrativa e na cultura. E esse filme é um ótimo exemplo disso!
Produção profissional, elenco de primeira, e tendo como base o livro de Fiuza, um dos melhores jornalistas brasileiros. Não tem muito como dar errado. E é fundamental resgatar essa história, para refrescar a cabeça do povo ou mostrar aos mais jovens como era antes do Plano Real.
A equipe de economistas ortodoxos da PUC-Rio, onde tive a honra de me formar, enfrentou com coragem e criatividade a hiperinflação, mazela que vinha assolando nossa economia há décadas. Foi a âncora monetária para segurar a escalada espiral de preços, infelizmente sem a necessária âncora fiscal atuando em conjunto.
Esse, aliás, sempre foi o maior problema de nossa economia: o crescimento descontrolado dos gastos públicos. Variável que Gustavo Franco e demais membros da equipe não tinham como controlar. Cientes disso, fizeram o possível para estancar a sangria, a despeito da choradeira dos políticos e todos aqueles que se beneficiavam da situação inflacionária.
Não sei se o filme vai mostrar, mas a oposição ao Plano Real foi violenta, e liderada pelo PT, claro. Sempre que alguma coisa acontecia para colocar o Brasil no trilho do progresso, lá estava a esquerda jurássica, sob o comando petista, para tentar impedir e nos manter aprisionados no passado. É assim até hoje.
O Plano Real foi um sucesso, permitiu a eleição e a reeleição de FHC, e quando a memória da população já estava relativamente apagada, quando o próprio FHC já tinha se queimado com o questionável esforço para se reeleger (mudando as regras no meio do jogo) e com resultados medíocres após a ausência de uma agenda liberal efetiva, Lula foi finalmente eleito.
O resultado todos conhecemos: o Brasil retrocedeu décadas, dilacerou suas conquistas econômicas, mergulhou na década, ou melhor, na geração perdida. É chegada a hora de mais uma fase de duros ajustes necessários, a serem implementados por economistas sérios e ortodoxos. Precisa-se de um novo Gustavo Franco. Ou, se ele tiver estômago para a empreitada, dele mesmo!
Rodrigo Constantino
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