Verissimo entende tanto de economia quanto eu de física quântica. A diferença é que eu não insisto em dar aulas de física quântica por aí, pois tenho vergonha na cara. Já Verissimo, em vez de escrever textos engraçadinhos sobre a comédia da vida privada, prefere nos dar aulas de história econômica, sempre dando um jeito de condenar o capitalismo e a ortodoxia para preservar sua ilusão socialista.
Na coluna de hoje, o filho de Erico se superou. Após elogiar o Syriza, o partido de extrema-esquerda grego que prega o calote da dívida, entre outras atrocidades, Verissimo soltou esta verdadeira pérola: “Hitler foi um produto da austeridade”. O café da manhã quase percorreu o caminho de volta até minha boca!
Então vejamos: a República de Weimar, seguindo as receitas típicas da esquerda e, portanto, de Verissimo, conseguiu quebrar a Alemanha e produzir apenas hiperinflação. Austeridade era a palavra proibida então. O governo iria imprimir moeda como se não houvesse amanhã, para “estimular a economia”. Aplausos da esquerda heterodoxa.
Aí vem a conta, que sempre chega, inevitavelmente. Joga o país no caos social e econômico, gera escassez generalizada. Os credores, com essa mania insuportável de cobrarem o retorno do dinheiro que emprestaram na era da bonança (na qual a esquerda jamais reclama do capital estrangeiro), exigem medidas de ajustes para reaverem seus bens. O esquerdista vai lá e aponta o dedo: gananciosos, abutres!
Como se não bastasse a lógica totalmente invertida, Verissimo mente. Diz que a Grécia seguiu as receitas ortodoxas da Alemanha e que não deram certo. Falso. A Grécia não seguiu nem 3% dos ajustes demandados. Não cortou nada perto do que deveria nos gastos públicos.
O grego continua se aposentando bem antes do alemão, que paga a conta. Mas Verissimo acha que a culpa é do trabalhador que sustenta os parasitas, não dos parasitas. A cigarra sempre vence a formiga nas fábulas canhotas.
Na época da farra grega, os euros dos alemães eram muito apreciados. Nunca li uma só linha de Verissimo reclamando disso. A bolha estourou, e somente nessa hora aparece o nosso “herói dos oprimidos” para condenar a insensibilidade dos credores. É como um sujeito culpar a falta de bebida pela insuportável ressaca após um irresponsável porre. Se ao menos fosse possível continuar bêbado para sempre…
PS: É óbvio que as medidas do Syriza não vão funcionar, e que a Grécia vai piorar sua situação. Mas podem ficar tranquilos, pois Verissimo vai dar um jeito de culpar novamente o capitalismo e a austeridade.
Rodrigo Constantino
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS
Deixe sua opinião