O jornal mais tradicional do Rio completou 90 anos, e comemorou com uma capa adaptada que colocou o leitor numa máquina do tempo. Não é qualquer um que completa 90 anos. Empresa, então, é caso raríssimo. São poucas as que demonstram tamanha durabilidade, e não se sobrevive tanto sem uma combinação interessante de capacidade de adaptação darwinista e apego às tradições e valores. “A vida se renova com a experiência”, como disse o padre José Roberto (Zezinho, para os familiares) na missa em homenagem ao jornal.
O próprio hábito de começar o dia lendo o jornal, como fazem milhares de cariocas, é prova da importância da tradição. E o fato de eu fazer isso, hoje, de um iPad na Flórida é prova das evoluções tecnológicas que o jornal soube usar a seu favor. O dia não seria o mesmo sem “abrir” o jornal e começar a acompanhar as principais notícias do dia (anterior), ler as opiniões dos colunistas, os editoriais.
O GLOBO preza a pluralidade, e isso é inegável. Um jornal que já teve colaboradores como Roberto Campos e Olavo de Carvalho, e hoje tem alguns liberais de peso também, como Paulo Guedes, também dá espaço para socialistas assumidos. Nos tempos do regime militar, com Roberto Marinho no comando ainda, sua frase ficou famosa: “Deixa que dos meus comunistas cuido eu”. E comunistas, de fato, trabalharam na empresa. Muitos ainda trabalham…
Alguns acham que é um erro de estratégia dos proprietários, ao darem voz a pessoas que, de certa forma, atacam tudo aquilo que o próprio grupo representa. Mas entendo a postura: como único grande jornal remanescente no estado, ele se sente no dever moral de oferecer aos leitores todo o espectro ideológico. Mesmo que os leitores tenham que aturar um Verissimo da vida!
Como colaborador há mais de cinco anos (minhas melhores colunas foram reunidas no livro Contra a maré vermelha, publicado este ano pela Record), sinto orgulho de fazer parte dessa história, e atesto que sempre gozei de total carta branca no meu espaço, jamais fui “pautado”. Inclusive quando dei algumas espetadas no próprio jornal, como já aconteceu. É o espírito da pluralidade sendo levado a sério, o que é admirável. O Brasil precisa mais disso.
Fica aqui, então, minha singela homenagem ao GLOBO, que completou 90 anos de vida, fazendo parte intrínseca da história da “cidade maravilhosa” e também do país. Imaginem o que seria do Brasil sem essa imprensa livre e independente, que ainda tem coragem de fazer jornalismo sério e apontar para as podridões do governo. De qualquer governo!
Rodrigo Constantino
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