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O editorial do Estadão hoje tocou em tema extremamente relevante para o país: o desmonte crescente do IBGE, nosso principal instituto de pesquisa. As estatísticas podem se transformar apenas em instrumento de manipulação por parte dos governantes, apelando para a arte de torturar números até que confessem qualquer coisa. Mark Twain dizia que existem as mentiras, as grandes mentiras, e a estatística.

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Para evitar isso, é preciso ter pesquisadores independentes e bem remunerados, o que não ocorre no caso em questão. Só para se ter ideia, o corte de verbas para o ano que vem chegará a 73% do orçamento da entidade. O risco é bastante concreto, pois sabemos que na Argentina de Kirchner, companheira do PT e da presidente Dilma, a trajetória foi exatamente essa: os dados começaram a piorar muito, a imprensa (mensageiro) foi perseguida por divulgá-los, e o instituto oficial de pesquisa foi dominado e domesticado, para manipular as estatísticas.

A crescente ingerência política no IBGE – como em todas as entidades estatais, o corte no orçamento, e o cancelamento de diversas pesquisas têm contribuído para a asfixia do instituto. O efeito disso é evidente e preocupante:

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A asfixia financeira do IBGE compromete profundamente a qualidade de seu trabalho. Graças à crise, o quadro de funcionários do instituto é hoje composto por mais de 40% de contratados por tempo determinado, que ganham salários muito inferiores aos dos servidores efetivos. Essa situação levou os funcionários do instituto a uma greve que durou mais de dois meses. Com a paralisação, o levantamento dos dados para a Pesquisa Mensal de Emprego ocorreu de forma apenas parcial, resultando em indicadores de consistência duvidosa.

O enfraquecimento do IBGE interessa a autoridades que se empenham em negar a realidade. Portanto, é imperativo impedir que esse importante órgão do Estado se transforme em mera linha auxiliar de um partido ou de um governo.

Se o PT se mantiver no poder, sabemos que tal desintoxicação será impossível, e a tendência será o IBGE seguir o mesmo e trágico destino do Indec, seu equivalente argentino. Resgatar o IBGE é prioritário, e significa retirar o PT do poder.

Rodrigo Constantino