Por Leonardo Correa, publicado pelo Instituto Liberal
As redes sociais estão demonstrando a absoluta e irrestrita falta de pensamento crítico na sociedade brasileira. Não me refiro aos iletrados, que amargam as consequências de um Estado inchado que foge de suas atribuições. O objeto dessa constatação são os novos “pensadores” e “debatedores” políticos e econômicos, além dos nossos patéticos formadores de opinião.
Trata-se de uma turma que despertou tardiamente para determinados questionamentos. Sofrendo as consequências de uma “síndrome de abstinência”, causada por uma política econômica populista, todos saíram dando azo a suas emoções, e, tal qual em qualquer esporte, escolheram seus respectivos times. É tudo paixão, nada mais.
Vi, por exemplo, gente boa defendendo o fim dos partidos comunistas no Brasil. Noutros termos, aceita-se a intervenção estatal para banir um partido que – queiramos ou não – representa as convicções de uma parcela da população. Vi, também, alguns defendendo a declaração do Deputado Jair Bolsonaro, em seu voto pelo impeachment, sobre a ditadura e o General Brilhante Ustra. Vi, por outro lado, gente preconizando a cassação do referido Deputado pelo seu dito desassisado.
Não fosse tudo isso, outros tantos – em um processo regressivo ao homem de neandertal – justificam as “cusparadas” do Deputado Jean Wyllys e do ator José de Abreu. Pior, há pessoas – por quem sempre tive como respeitáveis – “sustentando” posições baseadas na petição de princípio – dando por demonstrado o que deveriam demonstrar.
Enfim, o Brasil tornou-se um gigantesco estádio de futebol. As paixões suplantaram o debate de ideias. Torcer, urrar, berrar, xingar e cuspir são a ordem do dia no pseudodebate público brasileiro. Em pouco tempo, se seguirmos nesse trilho, vamos andar de quatro e uivar para a lua cheia.
A situação é absolutamente lamentável, e, se se der a devida atenção, é fácil perceber que, nesse quadro de regressão civilizacional, as pessoas defendem a intervenção estatal como solução para o caos. Tudo é muito sutil, mas dá para perceber nas entrelinhas – ou, nos perdigotos – um pedido de socorro ao “Big Brother”. Queremos, então, mais Estado?
Infelizmente, não vejo uma mudança nesse processo de volta ao passado. Se economicamente já retornamos à década de 1980, no campo do debate público estamos no período paleolítico. A coisa é grave, e, sinceramente, não tem uma solução imediata e fácil. Além de reformas políticas e econômicas, o Brasil precisa dar um “cavalo de pau”, com ampla participação da elite pensante – não dos peseudointelectuais –, de modo a restabelecer o debate, ao menos, em um nível próximo da Idade Antiga.
Comentário do blog: Concordo, em linhas gerais, com o autor. Entendo que as redes sociais e o tardio despertar para o risco populista produziram, quase da noite para o dia, milhares, milhões de “cientistas políticos” muito aguerridos, sob muito calor, e pouca luz. Mas vejo o lado bom disso também: apesar dos excessos e da paixão, várias pessoas, pela primeira vez, entraram em contato com as ideias liberais, com as alternativas conservadoras, com a direita, enfim. O sucesso de blogs independentes, como o meu mesmo, atestam isso. No mais, acho perfeitamente defensável, sem paixão e com argumentos, o fim dos partidos comunistas, como eu mesmo já fiz. Ora, pouco importa que representem parcela da população. O nazismo também! Na democracia, só devem participar partidos que aceitem a própria democracia, as regras do jogo, e os comunistas, petistas incluídos, claramente não aceitam. Devem ter seus registros cassados sim. Essa intervenção estatal seria saudável.
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