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Ignorância parlamentar sem seletividade. Ou: Baixo nível de deputados é argumento em prol do liberalismo

Muito já se falou sobre o baixo nível médio dos parlamentares, muitos deles conhecidos pelo grande público apenas na votação do impeachment no domingo. É um reflexo da sociedade, e o principal argumento contra a democracia, apesar de não conhecermos meios muito melhores para a decisão da coisa pública.

Serve para mostrar porque o escopo do estado deve ser limitado: alguém acha mesmo que aqueles deputados são mais capacitados para tomar as decisões importantes em nosso lugar? Quanto mais poder concentrado nessa gente, pior para o país. O Brasil precisa de mais sociedade e menos governo, eis um fato que todo liberal entende.

As principais bizarrices ditas pelo deputados já foram amplamente debatidas também. Não falo das menções a Deus e aos familiares, pois isso considero normal num país cristão (o estado é laico, a sociedade não). Cheguei a comentar em minha página do Facebook:

Tem um monte de “jornalista” preocupado com a quantidade de deputado que votou pelo impeachment em nome de Deus e da família. Um daqueles “especialistas” da GloboNews chegou a falar que isso era perigoso às “minorias” num estado laico. Votar em nome do terrorista Marighella pode. Votar de forma cínica em nome da “democracia”, quando se defende a ditadura cubana, pode. Só não pode votar em nome de Deus e da família. Isso é “fascismo”…

E é justamente esse o ponto aqui: o eterno duplo padrão da nossa imprensa, sempre mais benevolente com a esquerda. É verdade que a fala de Bolsonaro foi muito infeliz. Não sou daqueles que faz vista grossa porque ele é anticomunista. O deputado merece críticas. Num texto recente, escrevi:

A mídia, com viés de esquerda, atacou em peso seu discurso. Mas demonstra o duplo padrão ao ignorar tantos que enalteceram até terroristas comunistas e o próprio Jean Wyllys, que colocou em prática seu ódio autoritário ao cuspir no deputado.

O que não pode ser aceito é a seletividade na hora de condenar os excessos. Felizmente, há honrosas exceções na imprensa, como a Gazeta do Povo, de que tenho orgulho de ser colunista. Em seu editorial, o jornal não poupa lados e critica o que merece ser criticado:

São comportamentos que acabaram soando até como bizarrices inocentes em comparação com o daqueles que tentaram interromper no grito o discurso do relator Jovair Arantes (PTB-GO). Ou com o de alguns parlamentares que chegaram ao absurdo de elogiar o golpe militar de 1964 – Jair Bolsonaro (PSC-RJ) citou nominalmente o torturador Carlos Brilhante Ustra. Curiosamente, as menções aos terroristas Carlos Marighella e Carlos Lamarca, e ao golpista Luís Carlos Prestes, feitas por  (PSol-RJ) e Valmir Assunção (PT-BA), causaram muito menos indignação, embora devessem ser igualmente repudiadas. E maior condenação ainda merece a cusparada de Jean Wyllys (PSol-RJ) em Bolsonaro – o psolista não teve pudor de afirmar que não se arrepende do ato e o repetiria.

Em resumo, temos um Congresso com baixo nível intelectual, preparo raso para exercer tão importante função, e com claro viés autoritário em alguns casos. Isso merece ser apontado sem seletividade, e deve servir como base de reflexão sobre a magnitude do poder concentrado no governo. A baixa qualidade de nossos deputados é um forte argumento em prol do liberalismo.

Rodrigo Constantino

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