Comentei aqui a cena um tanto ridícula de um carro de som tocando a canção “Imagine” em Vitória, ES, como se isso fosse fazer alguma coisa pela maior segurança dos moradores, acuados pela bandidagem solta nas ruas. Mencionei, no texto, apenas de passagem a hipocrisia do autor, John Lennon, ao compor a música vivendo no oposto daquilo que ela prega. Resgato, agora, uma análise antiga, de 2006, que fiz justamente da letra dela:
Imagine
O romantismo sempre conquistou mais adeptos do que a razão. Na tentativa de posar como nobre homem, muitos buscam monopolizar as virtudes, fugindo da necessidade de um debate sobre os meios factíveis. Um dos melhores exemplos diz respeito aos “pacifistas”, todos aqueles que pretendem monopolizar a defesa do fim nobre de um mundo pacífico, sem encarar seriamente quais os melhores métodos para se chegar lá. Ignoram que existem guerras necessárias ou justas, até mesmo para garantir a paz. Acusam todos os que não compartilham de suas idéias ingênuas de belicosos. A música Imagine, escrita e gravada por John Lennon em 1971, representa um excelente ícone desse romantismo.
O próprio John Lennon descreveu sua canção como sendo anti-religiosa, anti-nacionalista, anti-convencional e anti-capitalista. A letra foi inspirada em um desejo de Lennon de ver um mundo em paz. Mas curiosamente, os países que mais se afastaram do capitalismo foram os maios violentos. As nações socialistas iniciaram inúmeras guerras com outros países, fora o regime de terror adotado em casa, impedindo até que o próprio povo possa sair livremente. Os “pacifistas” ignoram que a própria pomba virou símbolo da paz por uma litografia que Picasso fez em 1949 para o Congresso Mundial da Paz, cujos patrocinadores eram paradoxalmente os assassinos de Moscou. A religião pode gerar violência sim, principalmente pelo fanatismo. Mas a URSS, formada por comunistas ateus, foi mais violenta que muitos países religiosos.
Analisando mais atentamente os principais trechos da música de Lennon, que virou hino dos “pacifistas”, podemos notar uma dose cavalar de ilusão, com total descaso da realidade dos fatos.
Imagine there’s no countries
It isn’t hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too
Imagine all the people
Living life in peace
Ora, nessa passagem o autor ignora totalmente que não é a existência de nações que fomenta as guerras e a violência. Nação foi um conceito relativamente recente na história da humanidade, e qualquer antropólogo sabe que as tribos primitivas eram tão ou mais violentas que qualquer nação possa ter sido. Uns literalmente matavam os outros, sem qualquer critério de justiça ou direitos humanos, conceito bem recente. [Acrescento que o ateísmo militante do comunismo, ele mesmo uma seita fanática religiosa, não trouxe mais paz, e sim cem milhões de mortes]
Imagine no possessions
I wonder if you can
No need for greed or hunger
A brotherhood of man
Imagine all the people
Sharing all the world
Nesse trecho a utopia cede lugar à hipocrisia mesmo. Afinal, eis um sujeito defendendo o fim das posses enquanto mora num caro edifício em frente ao Central Park em Nova York, endereço nobre para qualquer padrão mundial. Temos inúmeros exemplos de socialistas defendendo a igualdade material enquanto desfrutam do que há de mais luxuoso no mundo. No Brasil mesmo vemos cantores famosos idolatrando Fidel Castro de suas mansões luxuosas, ou escritores de crônicas do cotidiano pregando o socialismo entre uma viagem e outra para Paris. No meu dicionário, isso tem um único nome, que é hipocrisia. Pelo visto, o problema não é a riqueza desigual, mas sim como ela foi obtida. Se for um milionário que prega a “igualdade material” de seu luxuoso apartamento não tem problema algum, mas já se for um empresário trabalhando para oferecer os produtos demandados que geram maior conforto para as massas, é pecado na certa.
Fora isso, essa visão tola ignora que a ganância não existe por causa da existência da posse, e sim é algo natural dos homens. Nos países socialistas ou em comunas israelenses, onde tentaram acabar com o direito de propriedade privada, a ganância e a inveja não deixaram de existir, nem de perto. E a fome aumentou. As nações socialistas foram máquinas de mortes por inanição. Por fim, fica a pergunta de como essas pessoas todas iriam “dividir o mundo todo”. Não é por acaso que todas as tentativas de seguir no rumo socialista levaram ao despotismo.
You may say that I’m a dreamer
But I’m not the only one
I hope someday you’ll join us
And the world will live as one
Sem dúvida aqueles que abraçam esses movimentos “pacifistas” podem ser divididos basicamente em dois grupos: os sonhadores e os hipócritas. E Lennon, infelizmente, está correto quando afirma que não é o único. Pelo contrário: milhões e milhões preferem abdicar da razão e mergulhar na solução fácil, apenas repetindo que sonham com a paz e que seria maravilhoso se todos deixassem a ganância de lado. Atacam os inimigos errados, o capitalismo, a existência do lucro, da propriedade privada. ”I hope someday you’ll join us”. Não, obrigado. Eu fico com a razão. “And the world will live as one”. Sim, como um enorme formigueiro, que é o sonho dos socialistas.
Eis aqui outra análise mais recente e fulminante contra a canção de Lennon, escrita por Flavio Morgenstern, e constatando já no título que se trata de puro lixo. Mas sabemos como o lixo embalado de romantismo ainda seduz, não é mesmo?
Rodrigo Constantino
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