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Essa notícia chocante, revoltante, gera muito mais xenofobia do que qualquer tuíte do presidente Trump mostrando muçulmanos violentos (que, aliás, deveriam gerar revolta contra os próprios agressores, não o mensageiro).

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O imigrante que matou a jovem Kate Steinle foi considerado inocente pelo júri na Califórnia nesta quinta. Em julho de 2015, Steinle, com 35 anos, estava andando com seu pai Jim e um amigo pelo Pier 14, uma área turística de São Francisco, quando foi alvejada e morreu.

Jose Inez Garcia Zarate, um imigrante ilegal que já tinha sido deportado cinco vezes, a última em 2009, estava em condicional quando disparou sua arma, atingindo a moça nas costas. Promotoria e defensoria discordam do que aconteceu.

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Para a Promotoria, Garcia Zarate deliberadamente atirou na mulher, antes de jogar a pistola na baía e fugir; para os defensores, a arma disparou acidentalmente, e a bala ricocheteou no concreto e atingiu Steinle. Ela gritou por ajuda e seu pai e amigo ainda tentaram salvá-la, mas em vão: ela morreu duas horas depois no hospital.

Garcia Zarate, que havia sido solto da prisão três meses antes, apesar de autoridades federais desejarem deportá-lo novamente, foi preso por volta de uma hora depois do tiro, e a arma foi encontrada no dia seguinte. Ela tinha sido roubada poucos dias antes pelo imigrante ilegal, e tinha muito mais munição no cartucho.

Os jurados estavam deliberando o caso desde 21 de novembro. Após a morte de Steinle, houve uma grande revolta nacional por conta das “sanctuary cities”, que protegem imigrantes criminosos da lei federal. A Califórnia, naturalmente, é um caso típico dessa mentalidade “progressista”. O presidente Trump chegou a citar o caso de Steinle para condenar essas leis protetoras de marginais imigrantes.

Em resposta a esse caso também, o senador Ted Cruz propôs uma lei mais dura, que estabelece prazo mínimo para a reentrada de imigrantes ilegais, que ficou conhecida como Kate’s Law. Essa lei determinaria um mínimo de cinco anos de prisão para qualquer imigrante ilegal que tentasse entrar novamente no país. Ela teve maioria no senado, mas foi impedida por brechas legais por seus oponentes.

O presidente Trump usou seu Twitter para repudiar a decisão do júri e afirmar que ele não fora avisado dos detalhes sobre o assassino:

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Para Trump, os democratas são tão frouxos no combate ao crime que pagarão um preço alto nas eleições de 2018 e 2020. O presidente aproveitou para defender a ideia de construir um muro para vigiar melhor as fronteiras, lembrando que o assassino entrou pela fronteira “protegida” por Obama, um ataque à justiça do país. E usou esse veredicto para mostrar porque o povo está tão revoltado com a imigração ilegal, algo que os democratas não conseguem entender (talvez porque o jardineiro mais barato ou a babá acessível compensem).

Uma decisão como essa, um tapa na cara de todo mundo que defende a lei e a justiça, serve como combustível para a xenofobia. Até que ponto o assassino não foi julgado inocente por ser imigrante? Até que ponto o clima atual de marcha das minorias oprimidas não fez diferença na escolha do júri?

Enquanto a mídia do mundo todo prefere ficar horrorizada com Trump divulgando vídeos de muçulmanos assassinos, deveria se mostrar revoltada é com a soltura de um assassino imigrante que, para começo de conversa, jamais deveria estar em solo americano!

Rodrigo Constantino

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