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Impeachment: ontem e hoje. Ou: O duplo padrão cínico é a marca registrada da esquerda
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Não há nada mais irritante do que o cinismo dos esquerdistas. O duplo padrão é sua marca registrada, e adotar posturas contraditórias dependendo de quem é o alvo é o esporte preferido de todo esquerdista radical. O caso do impeachment é sintomático. No passado, por muito menos do que fez o governo Dilma, a esquerda já se organizava cobrando o impeachment.

É o que mostra Rogério Gentile em sua coluna de hoje na Folha, focando em Fábio Konder Comparato e Dalmo Dallari. Gentile mostra como o discurso deles hoje é contraditório, oposto ao que diziam antes, quando o alvo do impeachment não era Dilma, mas FHC. E conclui:

No pedido de impeachment, os professores diziam, sempre citando reportagens, que FHC não poderia alegar que permaneceu alheio ao episódio, “como se o assunto não lhe dissesse respeito”, uma vez que o “suborno” foi “levado a efeito por ministros e funcionários ligados à Presidência”.

O curioso é que, se estivessem mesmo preocupados com a honra nacional, Comparato e Dallari poderiam pedir a destituição de Dilma com os mesmos argumentos.

Afinal, também segundo reportagens, o governo tem oferecido e liberado emendas parlamentares para tentar rearranjar as coisas no Congresso. As negociações, segundo o publicado, têm sido conduzidas pelo ministro Ricardo Berzoini, o que significa que Dilma “não pode alegar estar alheia, como se o assunto não lhe dissesse respeito”.

Mas, claro, tudo isso agora é bobagem. Impeachment só vale mesmo para os outros.

Se fizermos uma busca no passado para expor a hipocrisia com a mudança de postura dos petistas, não faremos outra coisa da vida e vamos precisar de vários terabytes para arquivar tanta inversão. Num rápido exemplo, vejamos essa reportagem da própria Folha:

Os partidos de oposição vão pedir o impeachment do presidente Fernando Henrique Cardoso pelo seu envolvimento no leilão de privatização da Telebrás.

Também vão colher assinaturas para instalar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) mista para investigar o leilão.

O primeiro passo para o processo de impeachment foi dado ontem, quando PT, PC do B, PSB e PDT anunciaram que vão entrar, coletivamente, com uma representação na Câmara acusando FHC de crime de responsabilidade.

A base governista passou o dia tentando barrar as iniciativas.

O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), a quem cabe acatar ou não o requerimento da oposição, disse considerar “exagerado” o pedido de impeachment. A Folha publicou ontem transcrição de conversa telefônica gravada entre o presidente Fernando Henrique Cardoso e o então presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), André Lara Resende.

No telefonema, FHC autoriza Lara Resende a usar seu nome para pressionar um fundo de pensão estatal a entrar em um dos consórcios participantes do leilão.

Após ter falado por telefone com FHC, Temer afirmou não ter visto nas reportagens publicadas ontem pela Folha “o comprometimento pessoal” do presidente, discurso repetido pelos líderes dos partidos que apóiam o governo.

A oposição divulgou que, se Temer recusar a representação contra FHC, irá recorrer ao plenário.

Se a oposição conseguir aprovar a representação contra FHC, será instalada uma comissão especial para analisar a postura dele.

Caso a comissão conclua que FHC cometeu crime de responsabilidade, e essa decisão seja ratificada pelo plenário da Câmara, será aberto processo de impeachment no Senado.
A oposição divulgou que entrará hoje com a representação.

“O Congresso não pode se omitir com o nível de detalhes da reportagem da Folha. As fitas falam por si”, disse o líder do PT na Câmara, José Genoino (SP).

O líder do governo no Congresso, Arthur Virgílio (PSDB-AM), ironizou a tentativa de impeachment e duvidou que a oposição consiga aprovar a CPI.

“Eles (os partidos de oposição) não vão levar adiante essa idéia ridícula. Seria desmoralizante para eles. E também duvido que consigam as assinaturas necessárias”, disse o tucano. Para Virgílio, “o PT é viciado em CPI, como há gente viciada em outras drogas”.

Já o líder do PSDB na Câmara, Aécio Neves (MG), disse que não há necessidade de CPI porque, embora as gravações tenham mostrado “exagero e destempero verbal, não houve dolo.”

A oposição também anunciou que fará duas representações no Ministério Público: uma pedindo a anulação do leilão do Sistema Telebrás e outra contra o presidente do BNDES, José Pio Borges, com a Lei de Improbidade Administrativa.

Vai pedir ainda que o TCU (Tribunal de Contas da União) faça auditoria no processo de venda das empresas do Sistema Telebrás e, principalmente, na ação do governo para favorecer um dos concorrentes com o apoio do fundo de pensão do Banco do Brasil.

Os partidos de oposição também vão pedir a convocação do ministro Pimenta da Veiga (Comunicações) e de Pio Borges às comissões de Fiscalização e Controle e de Ciência e Tecnologia.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez ontem talvez seu mais duro ataque ao governo de Fernando Henrique Cardoso. “O governo parece até uma quadrilha. Todo dia tem uma pessoa ligada ao presidente envolvida em alguma falcatrua”, disse.

Lula avaliou como insustentável a situação de FHC e considerou inadmissível o comportamento revelado pelo grampo.

“Ele perdeu o senso de responsabilidade e não poderia participar de uma conversa tentando criar condições para favorecer uma empresa”, disse.

Alguém acha que isso tem alguma comparação com o que já vazou do governo Dilma? Observar a postura dos petistas na época e hoje é constatar a imensa cara de pau dessa gente sem escrúpulos, que, dependendo de quem é o alvo, muda totalmente o discurso.

Vejam o caso do humorista Verissimo, que preferiu matar a Velhinha de Taubaté a criticar o governo petista. Hoje ele compara a defesa do impachment de Dilma com o terrorismo islâmico, provando que a canalhice não tem limites.

Diante de tudo isso, só há uma coisa a dizer: quem ainda defende o PT é desprovido de caráter.

Rodrigo Constantino

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