Em sua coluna de hoje, Ricardo Noblat resgata a história de PC Farias e a tentativa de compra de votos contra o impeachment de Collor. Não deu certo. Hoje é o PT que, desesperado, parte para essa tentativa esdrúxula de comprar apoio e todo deputado que estiver à venda. Diz o jornalista:
Outras moedas começaram a ser usadas – oferta de Ministérios e cargos em diversos escalões do governo, liberação de emendas ao Orçamento para a realização de obras em redutos eleitorais de deputados, e promessas de ajuda em tribunais superiores para os encrencados com a Lava-Jato (Alô, alô, Renan Calheiros!).
Acostume-se com a insignificância das siglas destinadas a conduzir áreas estratégicas da administração pública: PTN, PHS, PSL, PEN e PT do B. Elas têm 32 deputados. PP, PR, PSD PRB são considerados partidos da segunda divisão, mas reúnem 146 deputados.
O PRB do mensaleiro Valdemar Costa Neto, condenado a sete anos de prisão, será agraciado com o Ministério de Minas e Energia.
Na bolsa informal de valores do Clube da Falsa Felicidade, o outro nome pelo qual o Congresso é chamado em Brasília, pagou-se R$ 400 mil na semana passada para o deputado que se abstivesse de votar o impeachment. Ao que votasse contra, R$ 1 milhão.
O mercado está com viés de alta. A oposição parece mais perto de atrair 342 votos a favor do impeachment do que o governo 171 contra.
[…]
Isolada no Palácio do Planalto, transformado em aparelho político, Dilma recusa saídas que poderiam deixá-la menos mal com a História – a renúncia ou a convocação de novas eleições gerais. Tenta controlar os nervos à base de calmantes.
O PT tenta ganhar tempo para “raspar o tacho”, para extrair o máximo possível do butim, para otimizar a pilhagem que faz da coisa pública. Mas uma eventual vitória sua na batalha do impeachment seria uma vitória de Pirro: no dia seguinte o país estaria mergulhado no caos total, e parece impensável remar até 2018 nessa situação.
Denis Rosenfield também comenta sobre o impeachment em sua coluna de hoje, alertando que teremos ou ele ou o caos social:
Embora o governo já tenha acabado, a presidente Dilma, Lula e o PT se agarram por todos os meios ao poder. Utilizando uma linguagem popular: não querem largar o osso de forma nenhuma!
Os meios são os mais diversos possíveis, apesar de terem uma denominação comum: a ausência de escrúpulos, a falta de pudor e a desconsideração de toda moralidade. Tudo vale, contanto que o aparelhamento partidário do Estado seja mantido e os seus “benefícios” conservados.
Os paparicados de ontem tornam-se os “golpistas” de hoje. A fábrica de destruição de imagens volta a funcionar a todo o vapor, tendo agora como alvos prediletos o vice-presidente Michel Temer e o PMDB. A estratégia é velha conhecida, tendo sido utilizada frequentemente pelo PT. Incapaz de se defender e de dar conta dos seus atos, volta-se para o ataque, atribuindo aos outros os seus próprios feitos.
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O governo Dilma, o ex-presidente Lula e o PT devastaram a coisa pública, produzindo um cenário de terra arrasada. A corrupção tornou-se um meio de governar. Os escândalos mostram milhões e bilhões de reais sendo apropriados partidária e privadamente em conluio com empreiteiras inescrupulosas. O discurso, no entanto, é o de que, se corrupção há, seria igual em todos os partidos. A lama é atirada em todos para justificar a sua própria sujeira. E, embuste maior, a crise atual teria como responsável o “capitalismo” e a “direita”!
[…]
Considere-se, contudo, a possibilidade de que o governo, em seu afã de sobrevivência e falta de escrúpulo com a coisa pública, consiga um quórum que lhe permita se salvar do impeachment. Imaginem a seguinte situação: graças às suas manobras fisiológicas e outras, o governo teria conseguido impedir que as oposições reúnam os 342 votos necessários, tendo chegado a 340.
Qual seria a legitimidade de um governo deste tipo? Como poderia governar? Como seria capaz de tirar o país do buraco em que ele mesmo o colocou?
O amanhã seria de mais crise econômica, mais fisiologismo e corrupção, mais desemprego, mais indignação moral e, talvez, convulsão social. A crise, em suas mais diferentes facetas, só se acentuaria.
“Se o impeachment não vingar, o país ruma para o caos”, conclui o professor. Há, porém, uma oportunidade de unir o país em torno de um projeto suprapartidário, liderado por Michel Temer e o PMDB. Pode parecer impossível, a ponto do ministro Barroso, do STF, decretar a “morte da política” e ficar apavorado com o que pode vir depois do PT. Mas o verdadeiro medo é a continuação do lulopetismo, que sem dúvida devastaria completamente nosso país.
Jorge Moura, que foi deputado pelo MDB, escreve um artigo no GLOBO hoje sobre o papel dos moderados dentro do maior partido do país, o mais fisiológico e de “centro”. Ninguém pode morrer de amores pelo PMDB, mas todos que não suportam o PT, com razão, acabam enxergando no PMDB uma alternativa ao caos, ainda que de curto prazo, num governo tampão. Diz Moura:
Hoje, o partido vive mais um momento histórico decisivo: o processo de impeachment da atual presidente da República. O PMDB unido não faltará ao Brasil em respeito à sua história, contra qualquer forma de golpismo, e aos seus 50 anos de respeito ao Estado Democrático de Direito que ajudou decisiva e incisivamente a construir. A repetição diuturna da palavra “golpe” para caracterizar um processo rigorosamente legal, democrático e constitucional hoje em marcha no Congresso Nacional é parte do aprendizado que o PT fez dos métodos utilizados por Goebbels, famoso ministro da Propaganda nazifascista de Hitler, que afirmava tornar-se verdade uma mentira repetida à exaustão. Não passarão, como advertiu historicamente La Pasionaria, na Guerra Civil Espanhola.
O único golpe em curso é aquele orquestrado pelos petistas. O que o PMDB faz é lutar dentro das instituições contra esse golpe bolivariano. Não podemos nos transformar na Venezuela, o que será quase inevitável se Dilma for capaz de evitar o impeachment com a compra escancarada de apoio. A escolha está muito clara diante de nós: ou teremos o impeachment, ou o caos total. O PT precisa sair logo do poder. Não dá mais para aguentar nem um ano sob esse “governo”.
Rodrigo Constantino
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