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O leitor já está cansado de ver a palavra “suspeito” estampada em manchetes de jornais. Há até certo exagero, convenhamos. Um sujeito com uma arma na mão, com a vítima morta estendida no chão, e lá vai a chamada: “Suspeito teria atirado em vítima após assalto”.

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Nesses casos, a excessiva cautela seria justificada com a máxima de que todos são inocentes até prova em contrário, e mesmo no caso em que as imagens sirvam como prova, os jornais optam muitas vezes pela linguagem dúbia, talvez com receio de algum processo judicial.

Já nos casos de terrorismo islâmico a coisa parece mais deliberada mesmo, para proteger o Islã e não ser acusado de “islamofobia”. Foi assim que os Transformers saíram da ficção para a vida real. O sujeito está sempre oculto na cena do crime. Caminhões matam dezenas de pessoas. Aviões explodem. Facas perfuram barrigas. Armas disparam.

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Mas vejam que interessante: na hora em que é Donald Trump o potencial malfeitor, toda essa cautela é abandonada. As aulas de jornalismo são esquecidas. Trump não teria feito algo errado, como ensina o bom senso, preservando a dúvida: ele fez, e ponto final. Mesmo que as “evidências” sejam muito fracas. Eis a capa do GLOBO de hoje:

Trump pediu. Ele não teria pedido, ele pediu. O jornal “sabe”. Como exatamente ninguém pode dizer. Mas como se trata de Trump, então ele é culpado até que prove o contrário. Leandro Ruschel comentou sobre o caso:

Qual é “a prova” que Trump mandou o diretor do FBI parar uma investigação sobre um ex-assessor seu?

Um memorando escrito pelo próprio diretor…que o NYT não viu, apenas relatou o que uma fonte diz ter visto.

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Ora, se o diretor receber essa ordem e apenas escreveu num memorando, ele prevaricou. Se não recebeu essa ordem, apenas escreveu algo que pode ter sido mal interpretado, nem Trump nem ele fizeram nada de errado nesse caso.

A única coisa líquida e certa é o desejo da imprensa esquerdista americana de derrubar Trump, custe o que custar. Não dá para acreditar numa imprensa dessas.

Não sabemos se Trump foi amador o suficiente para dar ordens ilegais a um inimigo como Comey, e se deixou rastros no caminho. Tudo precisa ser devidamente investigado, claro, como devem ser investigados mais a fundo os emails de Hillary Clinton, a estranha postura do próprio Comey sobre o assunto, ou o assassinato de um funcionário do Partido Democrata que seria a fonte de vazamentos para o WikiLeaks.

Casos envolvendo políticos poderosos merecem sempre atenção redobrada, pois as instituições precisam ser fortalecidas, a lei deve valer para todos. Não sei se Trump cometeu um crime ou não, mas a imprensa tampouco sabe. Só que isso não parece importar tanto assim. O desejo de condenar Trump, de impor uma pauta de impeachment a todo custo, turva a razão, o bom senso e o bom jornalismo. A mídia virou torcedora, o que é a morte do jornalismo isento.

Uma pena. Mas se tiver que apostar minhas fichas, diria que a choradeira vai durar ao menos quatro anos, quiçá oito. E daqui a sete anos e meio, lá estará a mídia mainstream cantando o impeachment iminente do presidente republicano de cabelo estranho…

Rodrigo Constantino