Tenho dito isso aqui, mas nunca é demais repetir: quem se “informa” sobre o que acontece nos Estados Unidos apenas pela imprensa nacional será refém de um claro viés “progressista”, sem direito ao contraditório. Mesmo jornais como o GLOBO, cujos editoriais acertam mais do que erram quando falam da economia latino-americana, pregando até privatizações e atacando o populismo petista, só conseguem enxergar um lado quando o assunto é política americana: e é o lado esquerdo.
Essa é a maior prova de que nossa “direita” é a esquerda americana. O GLOBO é atacado pela esquerda radical como sendo de “direita”, da mesma forma que faz com o PSDB, o que é uma piada de mau gosto. Ambos são “progressistas”, de centro-esquerda, e endossam as típicas bandeiras esquerdistas, tais como “justiça social”, desarmamento, cotas raciais e movimento LGBT.
Mas basta ser antipetista no Brasil para ser confundido com liberal ou conservador. Nada mais falso! Vejam o exemplo de Arnaldo Jabor, que passou a detonar o petismo, e por isso é visto por muitos como sendo de direita. Jabor, quando abre a boca para falar da América, demonstra todo seu ranço esquerdista da juventude comuna. A “direita” no Brasil é de esquerda! E isso não poderia ficar mais evidente do que quando o tema é Estados Unidos.
No seu editorial de hoje, por exemplo, o GLOBO endossa todo o discurso “progressista” para falar da tensão racial nos Estados Unidos. Não vemos uma só linha dedicada à retórica segregacionista da própria esquerda, dos movimentos negros, nada. Não vemos uma só menção ao fato de que mais de 90% dos crimes contra negros são praticados pelos próprios negros. O jornal repete o discurso oficial de Obama, que culpa a direita “xenófoba” e a venda de armas pelos problemas. Sobrou até para Donald Trump, que seria o responsável, vejam só!, pelo retorno da KKK:
Basta ver o grau de ressonância que alcançou o discurso de Donald Trump, candidato republicano à Presidência, ao invocar um populismo retrógrado e xenófobo, nesta campanha eleitoral. Não à toa, grupos que defendem a supremacia branca, como a Ku Klux Klan, estão ressurgindo das sombras. E não se trata de um fenômeno restrito aos EUA. Ele também aparece de forma alarmante em movimentos ultranacionalistas na Europa, contra a presença de imigrantes e a integração regional. Este foi, aliás, o argumento central dos defensores da saída do Reino Unido da UE no plebiscito que culminou com o chamado Brexit.
Nos EUA, porém, há agravantes. A total liberdade para a compra de armas e munições potencializa a ocorrência de tragédias, inclusive aquelas com motivações raciais. Basta lembrar, por exemplo, do massacre promovido pelo jovem branco Dylann Storm Roof, em uma Igreja Metodista de Charleston, na Carolina do Sul, em que nove membros da igreja, todos negros, foram mortos por Roof, inclusive o pastor daquela congregação, reverendo Clementa Pinckney.
O jornal nada diz sobre os ataques constantes da esquerda à polícia, tratada como fascista e racista. O Black Lives Matter, que é totalmente radical, foi retratado pelo jornal como um movimento “que luta contra a brutalidade policial”. Ou seja, quando o assunto é Estados Unidos, o GLOBO toma o partido do PSOL, que tem o mesmo tipo de discurso no Brasil. É patético! Reparem que o jornal tratou o massacre terrorista aos policiais no Texas como uma “reação”, que fica parecendo quase legítima pelas linhas escritas:
Mas a violência alcançou um patamar inédito, depois que Micah Johnson, ex-soldado negro de 25 anos do Exército americano, com atuação no Afeganistão, atacou policiais brancos que acompanhavam um protesto em Dallas, matando cinco e ferindo sete. Foi a primeira vez que esse tipo de reação ocorreu, e preocupa que gesto de Micah inspire novos ataques. O presidente Barack Obama exortou a sociedade americana a buscar o entendimento. É o único caminho.
Claro que Obama tinha que ser enaltecido de alguma forma. O presidente exortou a sociedade a buscar o entendimento. Nossa, que lindo! Que bela retórica! E como exatamente ele faz isso? Eu digo: abusando da cartada racial sempre que possível, adotando um coletivismo seletivo, que culpa os brancos sempre, e inocenta os negros e muçulmanos quando são estes que praticam crimes ou atos terroristas.
O “diálogo” de entendimento proposto por Obama é como o do GLOBO: você precisa aderir ao pensamento “progressista”, culpar as armas em vez dos criminosos, e sempre encarar as “minorias” como vítimas, enquanto despreza a direita “xenófoba” e culpa Trump por tudo de ruim. Seria cômico, não fosse trágico. E cabe perguntar, naturalmente: onde está a Fox News do Brasil?
Rodrigo Constantino