Não me importo com as críticas, especialmente aquelas construtivas e educadas. Fazem parte do debate civilizado, e também da nossa possibilidade de aprendizado. Podem ver que publico todas no meu blog (não confundir com ofensas pessoais ou rótulos depreciativos). Mas tem uma coisa que, confesso, não tenho muita paciência para aturar: a incoerência escancarada.
Vejam que vários vieram aqui ridicularizar minha estupidez e falta de capacidade de interpretação de texto por conta do que escrevi sobre o ator que quis perdoar o ladrão para receber sua bicicleta de volta. Amigos e simpatizantes do ator chegaram aqui cheios de ódio e revolta para falar de minha burrice e meu ódio no coração.
O que eles apontam é minha suposta incapacidade de capturar a ironia (logo eu, que criei tantas ONGs fictícias em artigos no GLOBO e no blog para defender bizarrices!). Parênteses: no próprio texto, deixo em aberto a possibilidade de ser, sim, uma ironia, apesar de duvidar dessa tese. Escrevi no meu post-scriptum:
PS: Há sempre a possibilidade de ter sido uma carta irônica, claro, ou de alguém muito desesperado para conseguir a “bike” de volta a ponto de jogar a dignidade no lixo. Mas sendo escrita por ator, a chance maior é de ele ter falado sério mesmo, o que é inacreditável.
Mas deixando isso de lado, eis o espantoso da coisa: em vários casos, os mesmos que vieram acusar minha precária capacidade de interpretação afirmaram que sou um reacionário por não compreender o perdão e desejar todos os bandidos punidos e presos (mea culpa: tenho essa estranha mania de achar que o crime deve ser punido de acordo com as leis). Vejam só que coisa impressionante!
Ou seja, eu não entendi que o texto do ator era uma ironia, mas sou um monstro por não aceitar seu perdão ao ladrão de bicicleta. Caramba! Podem se decidir, se é ou não uma ironia? O rapaz quer ou não perdoar o ladrão se sua bicicleta reaparecer? Essas incoerências é que matam. Como diria Félix, eu devo ter dançado pagode com a Rainha de Sabá para merecer isso!
Tem mais. Na badalada crítica que fiz ao último capítulo da novela “Amor à vida”, teve vários “liberais” que invadiram meu blog para me acusar de antiliberal. Onde já se viu criticar novela, beijo gay e canalha assassino enaltecido como herói após uma redenção patética? Seria um reacionário novamente, por não compreender que basta usar o controle remoto quem não deseja ver a novela (mesmo?).
Existe algo mais contraditório do que gente vindo no meu blog falar que não sou liberal por emitir minha opinião sobre uma novela, alegando que o liberal de verdade diria que basta usar o controle remoto? Dá vontade de responder às antas e quadrúpedes em geral, que basta usar o “controle remoto” e não ler o meu comentário no meu blog, não é mesmo? Alguns “liberais” me cansam. Devo ter tocado bumbo no Sermão da Montanha para merecer isso!
Errar é humano. Cometo meus erros, e sempre que percebo, reconheço. Não vejo problema nisso. Mas se tem uma coisa que me tira do sério é essa incoerência absurda, ululante, escancarada de pessoas incapazes de perceber que caem em contradição no instante em que escrevem suas baboseiras. Sou forçado a recordar do prognóstico do saudoso Roberto Campos: “A burrice no Brasil tem um passado glorioso e um futuro promissor”.
Rodrigo Constantino