O economista americano Arthur Okun (1928-1980) é considerado o criador do “índice de miséria”, um indicador que resulta da soma da taxa de inflação com a taxa de desemprego. Okun sabia que tanto a inflação, o pior “imposto” para os pobres, quanto o desemprego são doenças econômicas graves, porque ambos têm efeito devastador sobre o bem-estar da população. Os mais pobres sofrem mais, são os mais afetados por essa perversa conjunção de fatores econômicos.
Pois bem: o Brasil já vive uma severa estagflação, e os economistas escutados pelo Boletim Focus do Banco Central já esperam recessão superior a 2% este ano, e pela primeira vez um quadro recessivo também em 2016. No fundo, tais previsões parecem ainda otimistas demais, e a queda da atividade em 2016 deverá ser maior.
Com esse quadro de recessão, claro que a taxa de desemprego irá sofrer mais. E como a inflação é um fenômeno monetário, ela não necessariamente alivia quando o PIB despenca. Os keynesianos até hoje não compreendem esse fenômeno, e por isso sempre acham que a inflação vai ceder por conta da menor atividade econômica. Não necessariamente, como os Estados Unidos viram na década de 1970 e o Brasil vê hoje, uma vez mais.
Dessa forma, temos o pior quadro possível para a economia, especialmente para os mais pobres: taxa de desemprego em alta e taxa de inflação extremamente resiliente. Isso não é “economês”, e sim uma realidade trágica para milhões de famílias, que sentem a insegurança do desemprego batendo à porta e a mordida do dragão inflacionário no bolso toda vez que faz compras. O Brasil sob o PT está empobrecendo rapidamente, e o índice de miséria mostra bem isso:
O patamar do índice de miséria não tem precedentes nos últimos anos, e mesmo em 2008, no auge da crise internacional, ele não chegou no mesmo nível assustador. O grande vilão, até agora, é a inflação, em quase 10% ao ano. Mas a taxa de desemprego já aponta para cima, e poderá chegar nos 10% em breve também. Se isso ocorrer, teremos um índice de miséria de incríveis 20%, que colocará o Brasil numa situação terrível em relação ao resto do mundo:
A Argentina, o patinho feio da região, tem um índice acima de 30%, e a Venezuela, caso perdido, tem um acima de 80%. O Brasil petista está se esforçando para chegar lá. A miséria aumenta, a sensação de desesperança cresce, e a presidente Dilma faz cara de paisagem, inclusive desqualificando as manifestações populares que levaram quase um milhão às ruas neste domingo. É muita insensibilidade, muita falta de empatia, muito descaso para com todos aqueles milhões de brasileiros sofrendo com as trapalhadas do governo.
Será que teremos de alcançar o patamar absurdo de 30% de índice de miséria para os políticos compreenderem que é imperativo retirar o PT do poder, em vez de fazer conchavos para mantê-lo como um zumbi até 2018?
Rodrigo Constantino
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