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Notícia do GLOBO: Com a deterioração da economia, a qualidade de vida da população brasileira teve forte queda nos últimos meses, como mostra um indicador que une a situação do mercado de trabalho ao comportamento dos preços. O chamado índice de mal-estar ou taxa de desconforto — que em inglês tem o nome de misery index — saltou de 15,59% em março de 2015 para 21,05% em março de 2016, segundo cálculo feito pelo economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira. É o maior nível desde o início da série histórica, que começa em 2012, junto com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. Em dezembro de 2014, era de 13,01%.

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O cálculo é feito a partir da soma da taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua à inflação em doze meses medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Neste caso, é considerada uma média trimestral da inflação, já que a Pnad também considera um período de três meses. A taxa de desemprego chegou a 10,9% em março, enquanto a inflação pelo IPCA foi de 9,39%. Na média de janeiro, fevereiro e março, ficou em 10,15%. A ideia de usar a soma do desemprego com a inflação como um indicador veio do economista Arthur Okun nos anos 1970, inicialmente para o caso dos EUA.

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De acordo com a economista e pesquisadora do Instituto Perterson para Economia Internacional (PIIE, na sigla em inglês) Monica de Bolle, a piora do mal-estar foi mais intensa quando se considera a população de baixa renda, sob efeito maior tanto da inflação quanto do mercado de trabalho. A inflação medida pelo IPC-C1 da Fundação Getulio Vargas — que considera famílias com renda entre 1 e 2,5 salários mínimos — em 2015 foi de 11,5%. Já a taxa de desemprego para a população com ensino médio incompleto ou equivalente no quarto trimestre de 2015 era de 11,6%, dado usado como proxy da classe C. Assim, ela calcula um índice de mal-estar de 27,7% para essa parcela da população, acima da média geral.

O cenário que vive o Brasil deve levar o país para o grupo dos dez piores índices de mal-estar do mundo em 2016, segundo o ranking da Bloomberg Misery Index, na nona posição. A lista é liderada por Venezuela, sob influência principalmente da hiperinflação. Em segundo, aparece a Argentina, seguida por África do Sul, Grécia, Ucrânia, Espanha, Sérvia e Turquia. A décima posição é do Cazaquistão.

Já usei esse índice várias vezes aqui no blog, pois ele captura bem a desgraça em nosso país sob o PT. Ao somar a taxa de inflação, que corrói o salário de quem conseguiu manter seu emprego, com a taxa de desemprego, temos um quadro geral do sofrimento dos brasileiros. É esse indicador, sozinho, que explica boa parte da rejeição ao governo Dilma e a demanda por impeachment. O fato de o PT insistir num discurso de que é vítima das “elites” por lutar pelos mais pobres em nada ajuda: os pobres olham em volta e não acham a menor graça na piada.

Dilma, ao tentar culpar a oposição por essa situação, joga mais lenha na fogueira. O povo está perdendo seus empregos, e os que permanecem empregados veem o poder de compra de seus salários despencando. É um cenário de terra arrasada, e Dilma se mostra totalmente indiferente a essa tragédia toda. O PT expôs sua verdadeira face, que não é compatível com a narrativa de defensor dos mais pobres contra as elites. O Brasil todo é vítima do petismo, mas os mais pobres sofrem de maneira ainda pior. O populismo do PT é o maior inimigo dos pobres.

Rodrigo Constantino

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