O banco Credit Suisse soltou um relatório para os clientes nesta semana com esse título chamativo: A Infraestrutura Brasileira: É “Agora ou Nunca”. Segundo o banco, os gargalos em nossa infraestrutura que já preocupavam antes, apenas se tornaram mais graves agora. O modelo de crescimento calcado nos 3Cs (crédito, consumo, commodities) se esgotou. O crescimento futuro depende do ganho de produtividade, e este depende da infraestrutura.
Os investimentos no setor de transportes corresponderam a aproximadamente 0,6% do PIB apenas, menos da metade do que seria necessário para garantir um crescimento de 4,5% ao ano da economia. O governo, segundo o banco, teria se dado conta de que o foco deve mudar do estímulo ao consumo com base no crédito para esses investimentos em infraestrutura.
O Credit Suisse assinala várias iniciativas que o governo tomou recentemente como evidência desta mudança nas prioridades. Não obstante, o próprio banco reconhece que os desafios na execução dos planos são muito grandes e que o estágio desses projetos está bastante atrasado. O governo se mostrou ineficiente até aqui. O setor privado, afirma o banco, precisa se envolver mais. O governo tem de atrair os investidores para esse setor.
Mudanças regulatórias estão em curso, mas o governo se mostra confuso, alterando regras no meio do caminho, incapaz de aprovar um marco regulatório claro e objetivo, ou de permitir um funcionamento mais livre do próprio mercado em relação aos retornos desses investimentos. Sem um aparato regulatório amigável e com a exigência de baixas taxas de retorno, dificilmente o governo conseguirá atrair tantos bilhões como pretende, e como o país necessita.
E a necessidade é gigantesca. O Brasil está em 107o lugar no ranking de 144 países em relação à eficiência da infraestrutura. Países como China e índia têm investido múltiplos do Brasil em relação ao PIB nesse setor. Para fechar o hiato que nos afasta da média, o banco calcula em US$ 1 trilhão a quantia demandada para investimentos em infraestrutura. Os planos ineficientes de execução do governo e a falta de suporte regulatório afastaram os preciosos investimentos até agora.
Para o Credit Suisse, seria injusto acusar o atual governo de não se dar conta da urgência desses investimentos. O governo já demonstrou que deseja isso. O problema é que o viés ideológico e a incapacidade de execução se mostram obstáculos quase insuperáveis por enquanto. O relatório do banco reconhece os desafios e riscos, aposta que alguma coisa a mais será conquistada, e recomenda algumas empresas que poderão se beneficiar dos maiores investimentos.
Mas confesso não compartilhar nem mesmo desse “otimismo cauteloso” dos analistas. Não vejo o atual governo alterando drasticamente o curso de ação, e na toada atual, duvido seriamente que ele seja capaz de atrair uma fração dos investimentos que precisamos. Os gargalos da infraestrutura deverão permanecer. Se é mesmo “agora ou nunca”, eu não colocaria minhas fichas no “agora”. Mas não podemos perder as esperanças. Até porque esse governo não será eterno…
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