O liberalismo é algo mais amplo do que privatizar empresas estatais ou promover alguma abertura comercial. Collor ajudou a abrir a economia, enquanto confiscava a poupança dos brasileiros. Era um liberal? Não. FHC privatizou muitas estatais, enquanto promovia uma agenda “progressista” em várias áreas. Era um liberal? Não.
Tivemos liberalismo econômico no Chile do ditador Pinochet, com os “Chicago Boys”. Pinochet era um liberal? Conta outra piada, por favor! No Peru, Fujimori também adotou linhas liberais na economia, mas era um político autoritário e corrupto. Menen foi na mesma linha na Argentina, e não era liberal. Macri, apesar de ter vencido com um discurso efetivamente liberal, mostrou-se um populista.
Enfim, é preciso tomar muito cuidado para não confundir liberalismo, uma doutrina ampla, com medidas pontuais liberalizantes na economia. Até o comunista Lenin, em desespero, apelou para concessões ao capitalismo com sua Nova Política Econômica.
João Doria, em conversa com FHC, defendeu um PSDB longe da “extrema-direita”, mas isso é apenas o óbvio: os tucanos nunca foram sequer de direita. Doria cita o lado liberal das privatizações do governo FHC, mas isso, como já disse, não é garantia de selo liberal. E o mesmo vale para o governo Bolsonaro, vale dizer.
Paulo Guedes é um liberal clássico, sua equipe está repleta de liberais legítimos, mas isso não quer dizer que o governo Bolsonaro seja liberal. Não é. E há indícios, inclusive, de que pode haver um afastamento entre Bolsonaro e a agenda liberal econômica, se o custo político-eleitoral das reformas se mostrar elevado no curto prazo.
O posicionamento político de Doria foi tema tratado no Jornal da Manhã de hoje, e eu e Bruno Garschagen comentamos o assunto:
Rodrigo Constantino
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