A reportagem sobre um “casal” brasileiro que estaria criando seu filho sem gênero definido gerou enorme repercussão, e muita revolta, com toda razão. Afinal, filho não é rato de laboratório para experimento social. A ideologia de gente confusa e perturbada serve para aplacar suas angústias, mas quando envolve seres inocentes, bebezinhos, aí é claro que a reação será imediata. Quer fazer loucuras enquanto adulto responsável, que seja, mas não trate um recém-nascido como cobaia.
O problema é que vivemos na era pós-moderna, sob efeitos da Escola de Frankfurt, e o conceito de normalidade sequer existe mais. Aliás, só é anormal quem era normal ontem. O cristão heterossexual que forma uma família tradicional é tido hoje como o verdadeiro maluco, enquanto todas as bizarrices são tratadas como o máximo, algo descolado. É proibido ter preconceitos, a menos que seja contra conservadores.
Nessa campanha de deturpação de valores morais, que os “progressistas” abraçaram com vontade, eis que a revolta natural contra o experimento nefasto desse “casal” vira “agressão”, enquanto a verdadeira agressão, aquela cometida contra o bebezinho, é tida como algo absolutamente normal e até elogiável. O “casal” quer apenas dar mais “liberdade” para o filho, sem definir seu gênero, e claro que só pode condenar isso quem for um intolerante reacionário terrível.
— Estamos deixando ele escolher, quando tiver idade. Ele tem um mês, já faz coisas que outro não faz. Está saudável e bem cuidado. Como as pessoas não conseguem enxergar isso? Eu sei que estou na linha de frente, que coloquei a cara a tapa. Não sabia que isso iria atingi (sic) nosso bebê. É uma criança — disse o pai.
O que atinge o bebê não é a revolta dos outros, mas o próprio experimento ideológico dos pais! Aliás, parêntese: talvez o “atingi” sem o “r” tenha sido um ato falho do jornalista, sabendo que quem atingiu realmente o bebê foi o próprio pai, com suas maluquices. Fecho o parêntese.
É curioso – e sintomático – pensarmos que vivemos numa era em que uma simples palmada no bumbum do filho para educá-lo e impor limites é vista pelos “progressistas” como um ato monstruoso de agressão, que exige uma punição severa do estado ou até mesmo a perda da guarda. Mas a agressão psicológica de tratar um menino como menina, ou sem gênero definido, essa é linda, apenas o uso da “liberdade”.
Há uma região cinzenta entre o papel do estado e os direitos da família na formação dos filhos, e os liberais sempre vão priorizar a família, pois entendem que todo regime totalitário sempre mirou nesse núcleo familiar como alvo predileto. Mas claro que não é um “vale tudo”. Basta pensar no caso extremo de espancamento: nenhum liberal vai defender que os pais têm o direito de espancar seus filhos.
O motivo é simples: o indivíduo merece proteção, do estado e também dos próprios pais, se for o caso. O dilema é encontrar o equilíbrio, mantendo a grande esfera de atuação da família, mas admitindo algum papel para o estado em casos extremos de abuso. Será que rejeitar a própria biologia e tratar um menino como menina desde a mais tenra idade não seria um desses casos de abuso evidente?
Os “progressistas” não vão descansar enquanto não inverterem todos os valores. A “identidade de gênero” é sua nova obsessão. Uma novela atual tem uma personagem que ilustra isso, que vai virar “homem” e mesmo assim continuar gostando de homens e até engravidar. A autora acha mesmo que essa é uma pauta que interessa a tanta gente, que tem elo com a realidade da maioria? Ou o intuito é apenas ir tratando desvios como a coisa mais natural do mundo?
A apresentadora Fátima Bernardes chegou, há alguns anos, a mostrar um beijo gay para crianças de seis anos, como se fosse a coisa mais legal do planeta, e como se somente pessoas muito preconceituosas e reacionárias pudessem achar ruim expor essas imagens para crianças com essa idade:
O “progressismo” surtou de vez, e precisa ser combatido, em nome da liberdade e dos bons costumes. Para quem discorda, deixo uma reflexão: essa turma acha a coisa mais banal do mundo triturar um bebezinho no ventre da mãe em nome da “liberdade de escolha”, criar o bebezinho que por acaso não foi abortado como se fosse indefinido seu gênero, ou enfiar essa visão de mundo goela abaixo de todas as crianças por meio das escolas públicas ou de programas de televisão em horário sem restrição de idade, ao mesmo tempo em que demoniza quem dá um beliscão no filho para impor limites ou quem ensina que menino é menino e menina, menina. Se levar o filho às missas aos domingos, então, só pode ser um monstro!
É ou não é muita inversão? A ideologia é uma máquina de destruir bom senso. O único com quem esse pessoal parece não se preocupar é com a criança.
Rodrigo Constantino
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