O advogado Ives Gandra Martins escreve um excelente artigo no Estadão hoje, uma espécie de desabafo contra um Brasil que insiste em passar a mão na cabeça de bandidos, desrespeitar a Constituição mesmo na esfera mais alta da Justiça, que deveria ser justamente a guardiã da Carta Magna, e impor uma visão de mundo “progressista” que se mostra, na prática, extremamente intolerante para com a maioria silenciosa. Eis um trecho:
Sendo um advogado e professor que nunca quis ser senão advogado e professor, sinto-me, aos 82 anos, um cidadão politicamente incorreto, pois defendo a democracia do voto, e não das invasões; da independência e autonomia dos Poderes, e não do desrespeito ao limite de competências; da moral familiar e da cidadania, e não da imposição de desejos das minorias sobre os valores da maioria. Entendo também que a advocacia e o Ministério Público são funções essenciais à administração da justiça, como determina a Constituição (artigos 127 a 135), não sendo o Ministério Público um superpoder sem possibilidade de ser responsabilizado.
Por fim, tenho para mim que os cidadãos que acreditam em Deus devem ser respeitados, e não hostilizados pela minoria agnóstica que, à luz de seu pretendido e mal concebido “Estado laico”, entende que só os que não acreditam em Deus podem ter atuação política e na mídia.
Na esperança de que um dia o Brasil seja uma democracia real em que a maioria do povo tenha sua voz ouvida em seus valores, sem ser silenciada pelos preconceitos ideológicos da minoria, reitero ser um velho advogado e professor “politicamente incorreto”.
Com meus 40 anos, tenho praticamente a metade da idade do respeitável advogado, mas faço coro a seu desabafo. Também sou “politicamente incorreto” e estou cansado, de saco cheio na verdade, dessa minoria barulhenta que tenta impor sua visão limitada e tacanha de mundo aos demais, intimidando quem quer que ouse discordar de sua cartilha.
Gente mimada e pervertida que confunde liberdade com libertinagem, estado laico com antirreligioso, direitos individuais com privilégios de “minorias” e Justiça com “justiça social” e “ativismo” de ministros e juízes que se recusam a respeitar as leis, preferindo mudá-las na marra.
Portanto, já somos dois “politicamente incorretos”, meu caro Ives! E posso garantir que, no fundo, somos muitos, somos milhões, somos a maioria silenciosa mesmo. Fecho com uma mensagem de Edmund Burke bem adequada para retratar isso:
Porque meia-dúzia de gafanhotos sob uma samambaia faz o campo tinir com seu inoportuno zumbido, ao passo que milhares de cabeças de gado repousando à sombra do carvalho inglês ruminam em silêncio, por favor, não vá imaginar que aqueles que fazem barulho são os únicos habitantes do campo; ou que logicamente são maiores em número; ou, ainda, que signifiquem mais do que um pequeno grupo de insetos efêmeros, secos, magros, saltitantes, espalhafatosos e inoportunos.
Rodrigo Constantino
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