Por Jefferson Viana, publicado pelo Instituto Liberal
A votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff ainda rende nas redes sociais. Principalmente pelo voto do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que foi dedicado ao falecido coronel do exército Carlos Augusto Brilhante Ustra, que chefiou o DOI-CODI durante o período chamado de Regime Militar. Alguns setores da sociedade vieram a criticar o deputado por tal dedicatória, pois Brilhante Ustra foi considerado torturador pela Comissão Nacional da Verdade.
Não estou aqui entrando nos méritos dos possíveis crimes cometidos por Ustra durante sua chefia no DOI-CODI. Todavia, o deputado carioca com a sua fala, sem intenção, acabou propondo uma revisão da História do Brasil, principalmente durante o Governo Militar. A historiografia brasileira do período conta na maioria das vezes apenas o lado da esquerda, sendo colocados como heróis que lutaram pela democracia contra a opressão militar. Quando na verdade, não é por aí que aconteceram as coisas de fato.
Durante a década de 1960 a Guerra Fria atingiu seu auge de disputas estratégicas e conflitos indiretos entre Estados Unidos e União Soviética. O continente americano estava na mira desses dois países principalmente após a Revolução Cubana (revolução que instaurou uma ditadura comunista que dura até os dias de hoje). Nesta época no Brasil, a militância política e acadêmica começou a perceber que o cenário estava favorável para se instaurar uma ditadura do proletariado, como disseram os ex-deputados federais e ex-guerrilheiros Fernando Gabeira e Eduardo Jorge.
Tudo se inicia no ano de 1961, quando Jânio Quadros renuncia à presidência. O então vice-presidente João Goulart, herdeiro político de Getúlio Vargas e apoiado pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB) seria o seu sucessor e realizaria uma administração desastrosa.
Durante a sua gestão, Goulart manteve em sua base política partidos de esquerda, como o PCB, PSB e o PTB, partido no qual ele era filiado, e realizando reformas que agradavam a base socialista do governo, como a Reforma Agrária nos moldes das comunas agrícolas chinesas, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação com base no Método Paulo Freire, taxação de grandes fortunas e ampliação de crédito subsidiado pelos bancos estatais. Além de financiamento público para entidades como as Ligas Camponesas, embrião do MST e a União Nacional dos Estudantes, na época comandada por José Serra, atualmente senador pelo PSDB paulista.
Tais ações do presidente começaram a gerar caos político e econômico.No ano de 1962, a inflação era de 50% e no ano seguinte a inflação subira para 75%. A economia brasileira registrava uma contração da renda da população pela primeira vez após a Segunda Guerra Mundial. No ano de 1964, a inflação anual prevista pelo governo federal era de 140%, a maior do século. As greves veiaram: em 1962, aconteceram 154 greves e em 1963, foram 302. Enquanto isso, Jango apelava para medidas populistas, como o tabelamento dos aluguéis, a expropriação as terras que estavam a um raio de dez quilômetros dos eixos rodoviários e ferroviários nacionais para dar início à sua infame reforma agrária, bem como a estatização das refinarias de petróleo privadas.
Esse cenário causava instabilidade política no país. Uma intervenção civil-militar, seja ela vinda da direita ou da esquerda parecia inevitável, como diziam os próprios apoiadores de Goulart, como Miguel Arraes, governador de Pernambuco e seu cunhado e governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola. O contexto político mundial era o do auge da Guerra Fria e Cuba, que servia de entreposto da União Soviética no continente americano, tinha sido o primeiro caso de sucesso dos comunistas. O perigo do socialismo na América era real para todos os países. Diversos países caíram em mãos vermelhas e outros caíram em ditaduras de direita para tentar travar o avanço socialista.
O Brasil, por fim, destitui Jango em 1964 por vários fatores:
- baixa popularidade;
- realização da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que pedia a saída de Goulart da presidência e tinha apoio da OAB e setores da Igreja Católica;
- e, ainda, a oposição feita pela União Democrática Nacional com Adhemar de Barros, Magalhães Pinto e Carlos Lacerda.
O que Jair Bolsonaro acabou fazendo de forma involuntária com seu voto foi propor o debate da historiografia brasileira. Será que a História estudada sobre o período é de fato verídica? Ou será apenas mais um engodo de mentiras feitas por historiadores e pensadores das ciências humanas. Falar de um período de modo descontextualizado tende a ser um meio de utilizá-lo para se vitimizar quando, na verdade quem começava a causar danos na estrutura de Estado eram os próprios militantes de esquerda, com assaltos, atentados terroristas, guerrilhas, sequestros e mortes.
Livros como “Orvil – Tentativas de tomada de poder”, de Lício Maciel, “A verdade sufocada”, de Carlos Augusto Brilhante Ustra, “Pare de Acreditar no Governo – Por que os brasileiros odeiam a política e amam o Estado?, de Bruno Gaschagen e “Ditadura à brasileira”, de Marco Antonio Villa ajudam a contar o lado da História que a historiografia de esquerda faz de tudo para que a população não saiba.
Estas são as fontes para que as máscaras dos “paladinos da virtude” da esquerda brasileira caiam de vez.