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Há certas concessões que simplesmente não devem ser feitas. Por mais que a intenção seja boa, por mais que seja feita em nome da tolerância, do diálogo construtivo e do debate civilizado, o resultado é o contrário e o tiro sai pela culatra. O simples ato de dar palco a um sonso membro de uma quadrilha é um equivoco, pois parte da premissa de que é possível manter tal diálogo respeitoso com quem, no fundo, faz parte de um projeto totalitário de poder.

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João Doria errou, portanto, ao receber em seu programa Olho no Olho o vereador petista Eduardo Matarazzo Suplicy, que foi senador por vários anos e representa o típico ícone da esquerda caviar “bobona”, que existe para ajudar o projeto de poder dos canalhas. Doria começa dizendo que respeita Suplicy, mas Suplicy merece respeito mesmo? Se sempre esteve, a vida toda, ao lado das piores causas, de bandidos? Se fazia questão de aparecer com seu ar sonso em defesa de marginais, se foi até mesmo pregar asilo ao terrorista italiano Cesare Battisti?

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É verdade que o convite pode ter sido uma boa estratégia pela ótica de expor a gritante diferença de preparo, de gestão, de resultados. Ainda assim, considero uma concessão perigosa ao inimigo. Doria pode estar de olho na imagem de bom moço tolerante que conversa com todos os lados, uma espécie de Macron brasileiro, mas isso é um tiro no pé para boa parte do eleitorado, especialmente aquela mais à direita, cansada desse “bom-mocismo”, dessa postura vaselina demais, “isenta” demais.

Doria evitou perguntar a Suplicy se ele considera Lula um bandido, para “evitar constrangimentos”. Mas como uma entrevista séria pode abrir mão dessa questão? É bate-papo entre compadres então, não uma entrevista honesta. Essa deveria ser a primeira pergunta: se você é mesmo honesto, por que está numa quadrilha, defendendo o capo? Não se sente mal, um cúmplice?

O prefeito se colocou na defensiva no começo, tendo de explicar que usa o termo “anta” para se referir a Dilma por brincadeira quando está de bom humor. Ora, Dilma não é mesmo uma anta? Não foi sua burrice arrogante que ajudou a destruir nosso país? O eufemismo em nada ajuda. Doria está certo ao condenar a disseminação de ódio, mas está errado ao achar que o PT pode fazer parte de uma democracia saudável e civilizada. Os petistas já cansaram de dar provas de que são cínicos, de que não ligam a mínima para a ética, a cordialidade, o debate civilizado. Permitir que um sonso passe a imagem de que o PT é diferente disso é pura desinformação aos seus telespectadores.

Enfim, Doria tentou ganhar alguns pontos com os “neutros”, com os “isentões”, e deixou seu lado tucano falar mais alto. A maioria prefere, porém, seu lado mais combativo, que ataca com coragem Lula, o PT, sem fazer concessões indevidas a quem, no fundo, quer transformar o Brasil numa Venezuela, destruindo a democracia e usurpando nossas liberdades. Vivemos tempos especiais, o povo está saturado, indignado, revoltado. Suplicy é parte desse projeto petista há décadas, figura de destaque no “partido”, e seu jeito bonachão não deveria ser salvo-conduto para o que efetivamente prega.

Só de ter que escutar alguém falando “presidenta” calado já deveria ser motivo para o prefeito aprender a lição: nada de convidar o inimigo para lhe dar holofotes, dando espaço para todo o cinismo típico dos petistas. Bola fora, Doria!

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PS: Não quero dizer, por óbvio, que só deve ser convidado gente de direita ou com quem concordamos. A divergência de ideias é saudável, e qualquer liberal deve defender o direito ao contraditório. Mas há limites! E um deles é claramente quando sabemos que, do outro lado, não há o desejo sincero de debater ideias com base em argumentos e fatos, e sim vender uma agenda totalitária golpista, antidemocrática. Será que o prefeito deveria receber defensores do nazismo também, em nome da pluralidade? Pois é. O petismo é um câncer em nossa política, que deve ser extirpado. Não convidado para conversas amigáveis com todo o respeito…

PS2: A entrevista foi muito chata, insuportável! Suplicy fala sem parar, e Doria teve que aguentar por vários minutos um show de mentiras. Justiça seja feita, Doria foi firme depois na resposta aos ataques que recebeu. Não obstante, e com o perdão pelo trocadilho, foi um suplício escutar tudo até o fim.

Rodrigo Constantino