O Brasil é mestre em criar seus falsos heróis. Joaquim Barbosa é desse tipo. Durante o processo do mensalão, o então ministro do STF fez fama nacional e foi aplaudido por muitos, com alguma razão, por se mostrar duro com os bandidos, apesar de ser eleitor do PT. Passou a ser odiado pelos petistas, alvo de ataques racistas da blogsfera suja, e ovacionado pelo povo. Mas é preciso mais cuidado. Joaquim nunca deixou seu ranço esquerdista de lado, e não era um grande herói.
Isso começou a ficar claro quando pediu para sair antes da data de sua aposentadoria, abrindo uma vaga no STF para o PT aparelhar mais ainda a instituição com seus companheiros. No momento em que o país mais necessitava de um ministro independente do PT, Joaquim Barbosa pulou fora de maneira inesperada, pegando todos de surpresa. Alegou dores nas costas, cansaço, e muitos desconfiaram de ameaças à sua vida.
O fato é que um herói de verdade não agiria assim. Seria como o juiz Sergio Moro abandonar sua carreira agora, prestes a concluir a Operação Lava-Jato com a tão esperada prisão do ex-presidente Lula. Moro, até aqui, tem se mostrado um herói à altura, coisa bem rara nesse país. Joaquim Barbosa não honrou a fama, e foi aos poucos caindo no ostracismo. Ou coisa pior: flertando com a ideia de uma candidatura para presidente, muitos o colocaram num papel de “messias salvador” da Pátria. Nada mais perigoso do que isso!
Mesmo durante o exercício de sua função no STF, Barbosa demonstrara pouco respeito à liturgia do cargo, e aparentava algum destempero. O messianismo de um indivíduo na política é uma das coisas mais perigosas que existem. Barbosa pode ter sido firme com alguns petistas (faltaram outros, não é mesmo?) durante o mensalão, mas isso não faz dele alguém capacitado a liderar uma nação. Ele nunca deixou de ser de esquerda e, nesse aspecto, eu já o considerava tão perigoso quanto Marina Silva, outra que despertava as esperanças de parcela da população.
Pois bem: vejam as recentes declarações do ex-ministro do Supremo. São de arrepiar! Ele dá a entender que Dilma foi derrubada numa espécie de “golpe”, fazendo coro aos próprios petralhas, e que seis parlamentares poderosos resolveram tirá-la do poder por coisas banais. Isso mesmo! Esqueçam os milhões de brasileiros nas ruas, gritando, pressionando. Esqueçam as pesquisas, que apontavam uma rejeição enorme a Dilma e cerca de 60% pedindo o impeachment. Esqueçam os 11 milhões de desempregados. Esqueçam as pedaladas e um país totalmente quebrado. Foram seis parlamentares poderosos que resolveram tirá-la de lá:
Joaquim Barbosa ainda clama por novas eleições, uma solução inconstitucional. Típica bandeira da esquerda, do PT, de quem não sabe perder. O impeachment foi legítimo, contou com amplo apoio popular, e Michel Temer tem feito um governo razoável até aqui. O Brasil precisa de calma e paz para aprovar as reformas importantes. A turma do contra, do “Fora, Temer”, tem jogado contra o país, colocando seus interesses políticos à frente de tudo. Joaquim Barbosa empresta seu nome para essa campanha sórdida.
Era um herói com os pés de barro, um falso herói, como tantos que surgem e desaparecem pelo país. Que fique de fora da política, pelo bem do povo. Que vá curtir seu apartamento em Miami em paz, mas sem se meter em aventuras demagógicas pelo Brasil, pois nossa população não merece mais esses “messias salvadores” que não demonstram muito apreço pelo fortalecimento de nossas instituições republicanas.
Rodrigo Constantino
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